Lamentamos o assassinato brutal de João Alberto Silveira Freitas em uma loja do Carrefour e repudiamos que o Presidente e seu vice neguem o racismo no país

marcha com bandeira dizendo Black lives matter" em Washington
Marcha em Washington, EUA. Vidas negras importam e o Estado tem o dever de protegê-las, em vez de ser mais uma ameaça. No Brasil, pessoas negras são as vítimas em 75% dos homicídios. © Tim Aubry / Greenpeace

“As relações sociais no Brasil e no mundo são atravessadas pela naturalização do racismo. Só que essa naturalização só é possível se você tiver instituições que reproduzam do ponto de vista ideológico e do ponto de vista político essas relações permeadas pelo racismo.” – Silvio Almeida, filósofo e jurista 

O ano de 2020 trouxe a pandemia do Covid-19, que colocou em ainda mais evidência as desigualdades profundas em nosso país, não apenas de classe, como também de raça, expondo quão injusta e racista a sociedade brasileira ainda é — consequência de sua herança colonial. Na última sexta-feira (20), dia dedicado à Consciência Negra e de lembrar a luta de Zumbi dos Palmares em inúmeras cidades, novamente nos escandalizamos com mais um assassinato brutal de uma pessoa negra, João Alberto Silveira Freitas, ocorrido na véspera. 

É inaceitável qualquer tentativa de reduzir o episódio a uma triste fatalidade. Tampouco é aceitável que as principais figuras de liderança do país, que deveriam estar à frente da luta por justiça social, como o Presidente da República e seu vice, façam declarações de cunho negacionista e que reforçam o racismo estrutural ao qual a sociedade brasileira há séculos se apoia. Ao não reconhecer o problema, o governo abre mão de seu papel e responsabilidade em resolvê-lo. 

As declarações de Jair Bolsonaro em sua conta oficial no Twitter e no encontro com lideranças de outros países na Cúpula do G20, infelizmente, são reflexo de uma narrativa genocida e elitista que precisamos combater se quisermos avançar na construção cotidiana de um Brasil mais plural, diverso, justo e equitativo.

O Greenpeace, organização que carrega a paz no nome, em suas práticas e ações cotidianas, repudia, lamenta e se solidariza com a família de João e a de milhares de pessoas negras mortas todos os dias, no Brasil e no mundo, vítimas do racismo estrutural. 

Trabalhamos em diversos países pressionando empresas e governos a adotarem práticas e políticas ambiental e socialmente adequadas. Não podemos nos calar diante deste episódio. Nos juntamos aos que exigem que a empresa Carrefour e aqueles diretamente envolvidos na morte de João sejam responsabilizados adequadamente.

O que é racismo estrutural
Racismo estrutural é o termo usado para reforçar que o racismo não é uma questão pontual ou comportamental, ele se infiltra na vida social e leva ao aprofundamento de crises de diversas naturezas. Há sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em prejuízo a outras. Por exemplo: no Brasil, essa diferenciação acaba por favorecer pessoas brancas em detrimento de negras e indígenas. 

Fontes e para saber mais:
– confira a participação de Silvio Almeida no programa Roda Viva;
– assista à explicação dele na TV Boitempo;
– leia o artigo de Bárbara Forte no Ecoa;
– e assista a esse aulão sobre racismo ambiental.

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!