No Dia Mundial de Luta contra os Agrotóxicos, relembre o que aconteceu de mais importante na nossa campanha de Agricultura e Alimentação

Produção agroecológica
Hoje é o Dia Mundial de Luta contra os Agrotóxicos. A data passou a ser comemorada quando, no dia 3 de dezembro de 1984, um vazamento em um tanque subterrâneo de uma fábrica de agrotóxicos na cidade de Bhopal, na Índia, matou mais de 8 mil pessoas e intoxicou 150 mil. Agrotóxicos causam prejuízos graves à nossa saúde e ao meio ambiente. Somente nos últimos 11 anos, 26 mil brasileiros foram intoxicados por veneno, resultando em 1.824 mortes, de acordo com a Agência Pública.
Hoje, vamos relembrar o que aconteceu de mais importante em 2018 na nossa campanha em defesa do meio ambiente e de uma alimentação saudável, sem veneno e acessível para todas as pessoas. Confira!
1. Pacote do Veneno goela abaixo da população
O início do ano legislativo, em fevereiro, já começou com a ameaça de que o Pacote do Veneno (PL nº 6.299/2002), que coloca na guilhotina a saúde da população brasileira e dos trabalhadores do campo, fosse colocado em votação. Entre maio e junho, a bancada ruralista fez uma ofensiva pró-veneno, forçando a discussão do Pacote do Veneno goela abaixo da população. Mas os ruralistas não contavam com uma enorme mobilização contrária por parte de órgãos como ONU, Fiocruz e Inca. O que era para ser votado na surdina, ameaçando a saúde dos brasileiros, ganhou a atenção de muitos brasileiros e brasileiras em busca de seus direitos.

Charge contra o Pacote do Veneno
No fim de junho, depois de ter sido adiada por 10 sessões legislativas por conta de toda a mobilização social em torno do assunto, a votação do Pacote do Veneno infelizmente aconteceu e os ruralistas conseguiram aprovar o texto do PL com placar de 18 votos a favor e 9 contra. Mas o jogo não acabou e precisamos continuar pressionando para que o PL não seja colocado em votação no plenário da Câmara, nem este ano nem em 2019.
2. O contra-ataque: PNaRA já! *
Ao mesmo tempo em que os ruralistas nos ameaçavam com seu Pacote do Veneno, diversas organizações da sociedade civil deram início a um grande trabalho para impulsionar a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, a PNaRA (PL nº 6.670/ 2016). Conseguimos desengavetar o PL e levar o tema para fora da Câmara, gerando pressão suficiente para que o assunto recebesse a devida atenção. E funcionou: nos 45 do segundo tempo, já na reta final do ano legislativo, o texto da PNaRA foi aprovado pela Comissão Especial que analisa a matéria!

Feira de produtores agroflorestais
Todo o esforço feito durante o ano não foi em vão. A Comissão Especial havia sido criada em maio e, entre junho e novembro, diversas audiências públicas haviam sido promovidas para dar voz àqueles que foram excluídos das discussões sobre o Pacote do Veneno. Pesquisadores de instituições renomadas e organizações do campo e da sociedade civil, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a Via Campesina e o Greenpeace colocaram assuntos importantes sobre a mesa, como os impactos dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente; segurança alimentar; e a viabilidade econômica dos sistemas agroecológicos.
O próximo passo agora é pressionar para que o PL entre em votação e seja aprovado no plenário da Câmara. Só assim poderemos colocar o Brasil em um caminho com menos veneno, incentivando o processo de transição agroecológica no país de forma gradual e responsável. Caso o texto não fosse votado em 2018, com o fim da legislatura vigente, o projeto seria extinto e voltaria à estaca zero em 2019.
3. Plataforma #ChegaDeAgrotóxicos – Ultrapassamos 1 milhão de assinantes
Este ano, chegamos a mais de 1,5 milhão de assinaturas na petição #ChegaDeAgrotóxicos, plataforma criada por um coletivo de organizações do qual fazemos parte. Ou seja, mais de 1,5 milhão de pessoas sabem que é possível e pedem por outro caminho! Ao participar da campanha, você passa a fazer parte da luta dessas pessoas que se posicionam em defesa da vida, apoiam a redução gradual de agrotóxicos no país e rejeitam o Pacote do Veneno. As chefs de cozinha Paola Carosella e Bela Gil, a modelo Gisele Bündchen, o ator Caco Ciocler e vários outros artistas que costumam se manifestar por direitos da sociedade também aderiram ao movimento. Se você ainda não assinou a petição, a hora é essa! >> https://act.gp/2SrhRzn. Aproveite e compartilhe com seus amigos em suas redes sociais.
4. Se é para defender alimentação saudável, marcamos presença
Em 2018, corremos atrás do compromisso de defender um futuro sem veneno para toda a população e ajudar a desmistificar as mentiras que os ruralistas querem que a gente acredite. Do Congresso Nacional à TV, aproveitamos todas as chance que tivemos para reforçar que é sim possível seguirmos um rumo sem veneno. Nossa especialista em Agricultura & Alimentação Marina Lacôrte esteve na primeira audiência pública sobre a PNaRA, em junho, e compôs a mesa de seminário nacional sobre o tema, em novembro.
Marina também participou do programa Bela Cozinha, da chef Bela Gil, no canal GNT, em maio. Ela falou sobre alimentação saudável e explicou por que o modelo convencional de produção de alimentos atual é considerado esgotado e por que necessitamos de outro caminho. Reveja:
https://www.youtube.com/watch?v=EzHOXPG2rQA
Nossa porta-voz também explicou os riscos que o Pacote do Veneno traz à população brasileira no Jornal Nacional, da TV Globo, no programa Entre Aspas, da Globo News, e no Jornal da CBN, entre outros programas.
5. Comida sem veneno para todas as classes sociais
Em parceria com a Agência Solano Trindade, mostramos que comida sem veneno não é só para os ricos! Na periferia de São Paulo, o Armazém Organicamente é um ponto fixo de comercialização de frutas, legumes e verduras orgânicas vendidas a um preço justo. Desde outubro, temos promovido bate-papos mensais para falar sobre alimentação saudável como direitos de todos e não privilégio de poucos. Quanto mais iniciativas como esta tivermos, e quanto maior for essa transição do modelo convencional para sistemas agroecológicos, mais acessível fica a comida saudável e de qualidade!
6. Sempre ativos na denúncia!
Em 2018, também ajudamos a evidenciar outras lutas contra veneno que acontecem ao redor do mundo. Em agosto, mostramos que a Monsanto, gigante do agronegócio, foi condenada pela Justiça dos Estados Unidos a pagar o equivalente a R$ 1,1 bilhão ao jardineiro Dewayne Johnson, que contraiu câncer após uso contínuo de glifosato, um dos agrotóxicos mais usados no mundo (e o mais consumido no Brasil atualmente).
Em setembro, lamentamos a morte de Fabián Tomasi, símbolo da luta contra os agrotóxicos. O aviador agrícola argentino foi um exemplo de resistência para todas as pessoas que lutam por uma agricultura sem veneno.

As abelhas são essenciais para a produção de alimentos
Também falamos sobre os impactos dos agrotóxicos nas abelhas, e mostramos um estudo que concluiu que as abelhas estão ficando viciadas em neonicotinóides, um tipo de agrotóxico quimicamente semelhante à nicotina do cigarro. Sem abelhas, não teremos comida!
O ano foi puxado e as investidas da bancada ruralista sobre o direito das pessoas foram muitas, mas 2018 ainda não acabou! Apesar do Pacote do Veneno ter “andado uma casa”, a PNaRA também tem chance de seguir sua marcha para o ano que vem. Por isso, é tão importante que sigamos mobilizados até o fim das atividades no Congresso e, claro, ao entrarmos em 2019, pois temos uma série de ameaças anunciadas para o meio ambiente! A luta continua em defesa de uma alimentação saudável e sem veneno, e de uma agricultura justa pra quem planta e pra quem consome!
*Texto atualizado em 05/12/2018 devido à aprovação do texto da PNaRA
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Discussão
É só voltar a época da fartura no Rio Grande do Sul em 1960 -1970 quando se plantava com composto organico,torta de mamona , (em pequnas lavouras com chorume e extrume animal) e se usavam armadilhas, inseticidas a base de calda bordaleza,calda sulfocalcica,calda de fumo e outras caldas naturais.Até se podia comer maçâ, pêra, uva,,caqui ,cenoura crua,beterraba crua sem perigode se intoxicar .Só quem perdia eraqm as empresas que até hoje todas estrangeiras nenhuma brasileiras que não tinho lucros e ganhos pois nestes anos a saúde humana e a vida das pessoas valia mais que o capital
Fiquei super feliz com a vitória de vocês contra a luta dos agrotóxicos....Parabéns para todos os envolvidos. Há anos que penso sobre esse problema nos alimentos e nunca tinha sequer ouvido algo assim tão bem trabalhado.