Ninguém foi punido pela tragédia-crime provocada pela Vale, que matou 272 pessoas e contaminou a bacia do Rio Paraopeba. Basta de crimes ambientais! Justiça já!

Carro arrastado pela lama tóxica no rio Paraopeba, em Brumadinho.
© Fernanda Ligabue / Greenpeace

Há cinco anos, rompia a barragem de mineração da Vale em Brumadinho (MG), uma tragédia-crime que matou 272 pessoas soterradas por uma avalanche de lama e despejou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos na bacia do Rio Paraopeba. Três pessoas ainda continuam desaparecidas. 

Além de ninguém da Vale nem da empresa Tüv Süd (que emitiu laudos fraudulentos sobre a situação da barragem) ter sido punido pela tragédia-crime nestes cinco anos, uma investigação da Repórter Brasil, publicada em janeiro, revelou que de cada quatro processos julgados no Tribunal de Justiça do Estado de MG, três foram desfavoráveis aos atingidos. Em alguns casos, o valor da indenização que havia sido concedida à vítima diminuiu em 80% após a Vale recorrer.

“Cinco anos se passaram desde que o crime da Vale no Córrego do Feijão destruiu toda a natureza ao redor e tirou a vida de 270 pessoas. Duas delas eram mulheres grávidas. É muito tempo de espera por uma reparação justa e pela recuperação dos rios, da fauna e da flora. Se as famílias das vítimas nunca mais terão o direito de abraçar seus parentes, que ao menos possam voltar a viver com dignidade”, afirma Mariana Campos, porta-voz do Greenpeace Brasil. 

Campos esteve em Brumadinho com uma equipe do Greenpeace Brasil no dia seguinte ao rompimento da barragem. O objetivo foi traçar um “mapa da destruição” causada pelos rejeitos tóxicos que destruíram e contaminaram tudo o que encontraram pela frente. 

Crime Ambiental em Brumadinho, Minas Gerais. © Christian Braga / Greenpeace
Casas destruídas pela lama tóxica da barragem da Vale no bairro Parque da Cachoeira, em Brumadinho. Crime Ambiental em Brumadinho, Minas Gerais No dia 25 de janeiro, uma barragem de rejeitos minerais de ferro da empresa Vale rompeu, inundando com quase 13 milhões de m³ de lama tóxica o distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais. Autoridades procuram por sobreviventes e vítimas em meio à destruição. Este crime ambiental acontece pouco mais de três anos após a ruptura da barragem em Mariana, Minas Gerais, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP.
© Christian Braga / Greenpeace

Basta de crimes ambientais!

A mineradora Vale foi responsável pelas duas maiores tragédias socioambientais do Brasil na última década: os rompimentos das barragens em Mariana (2015) e Brumadinho (2019). Milhares de pessoas perderam seus familiares e seus lares, algumas seguem desaparecidas e todo o modo de vida de uma população foi afetado. 

Casos como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que podem se tornar mais frequentes com a flexibilização do licenciamento ambiental, não podem ser considerados acidentes, mas crimes socioambientais anunciados, uma vez que a Vale e demais autoridades já sabiam que a barragem do Córrego do Feijão não era segura.

Por falar em conhecimento dos dados – e a importância deles para agir – estado de Minas Gerais tem, atualmente, 344 barragens de mineração cadastradas na Agência Nacional de Mineração (ANM). Destas, 49 são barragens de médio ou alto risco, segundo o último Boletim de Barragens de Mineração, atualizado até o dia primeiro de janeiro. O dado é alarmante. 

Vigil in Honour of Impacted Families from Brumadinho. © Christian Braga / Greenpeace
Todo mundo em Brumadinho conhece alguém que morreu vítima de mais esse crime da Vale. Uma semana depois da tragédia, uma vigília reuniu os moradores da cidade para homenagear os mortos e desaparecidos.
© Christian Braga / Greenpeace

Basta de crimes ambientais como o provocado pela Vale e basta de desrespeito pela vida de tanta gente e de todo um ecossistema! 


Para que não sejam esquecidas, a memória das 272 vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho foi registrada no projeto “Mural Amanhã Pode ser Tarde”, de iniciativa dos próprios familiares. Um projeto lindo, que nos lembra que precisamos de justiça e reparação já!

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