Recuperação da natureza de Brumadinho e arredores pode levar centenas de anos, afirma pesquisadora
Além das muitas vidas humanas que a lama tóxica da Vale tirou em Brumadinho, a fauna e a flora da região também sofreram impactos, ainda difíceis de mensurar. A área atingida pelos rejeitos de mineração conta, ou contava, com uma biodiversidade riquíssima, ainda não totalmente catalogada.
Brumadinho se localiza ao sul da Reserva da Biosfera da Unesco da Serra do Espinhaço, uma região considerada refúgio de vida selvagem em Minas Gerais. Por ser uma área de transição entre Mata Atlântica e Cerrado, a importância ecológica deste lugar é enorme, porque abriga espécies animais e vegetais de ambos os biomas — muitas, inclusive, ameaçadas de extinção.
A vegetação próxima ao Córrego do Feijão e onde ele encontra o Rio Paraopeba, chamada de mata ciliar, está destruída pelos rejeitos. Essa mata era parte do corredor ecológico de muitos animais, possibilitando seu deslocamento entre áreas de floresta. Jaguatirica, lobo-guará, onça-parda, primatas como macaco-prego e sauá, veados e pequenos roedores estão entre os mamíferos que não mais poderão atravessar os córregos e rios. Entre as aves que habitam a região, podia-se avistar, por exemplo, a águia-cinzenta, o beija-flor-de-gravata-verde, a campainha-azul e o choca-da-mata. A perda de animais domésticos e de criação, como cachorros, gatos e vacas, também é incalculável.
Uma análise preliminar do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estimou que uma área de 270 hectares, o equivalente a 300 campos de futebol, foi coberta pela lama, sendo que quase metade (138 hectares) era de vegetação natural.
O restabelecimento total da paisagem, com todas as suas funções ecológicas, não será simples. “Não conseguimos saber quando esse ecossistema voltará ao normal. É uma recuperação muito lenta. Sendo otimista, diria centenas de anos”, alerta a ecóloga e professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Yasmine Antonini, que desde 2015 analisa os impactos do rompimento da barragem da Vale em Mariana.
Yasmine prevê que a morte da natureza em Brumadinho, um dos municípios da região com maior área preservada, se dará de forma semelhante ao que aconteceu em Mariana. Segundo ela, a lama tóxica mata a floresta de duas formas: ou as árvores são arrancadas pela violência da lama no momento do rompimento da barragem ou, caso resistam, são alagadas. Nesse caso, os rejeitos soterram e matam as raízes das árvores ao endurecer. “Em Mariana, as árvores morreram porque as raízes não conseguiam respirar, mas continuaram de pé, só o palito. Vai acontecer o mesmo em Brumadinho”, diz Yasmine.
Contaminação generalizada
Os rejeitos carregados de elementos químicos contaminam e desequilibram toda a cadeia alimentar de Córrego do Feijão, e seguem descendo o Rio Paraopeba, dizimando a vida aquática. Conforme a lama vai secando, a poeira se deposita nas folhas, flores e solo.
Entre as espécies vegetais encontradas na região, estão o jacarandá, braúna e jequitibá, árvores frondosas da Mata Atlântica, e plantas do Cerrado, como a canela-de-ema, a maioria correndo risco de extinção. Junto com a vegetação, perdem-se insetos que dependem dela. É o caso da Melipona rufiventris, a abelha uruçu-amarela, e da Parides burchellanus, a borboleta ribeirinha, presente somente em outros dois lugares no Brasil.
“Um desastre como esse causa o pior tipo de destruição para a Parides burchellanus, que só existe nas margens de rios e córregos”, explica Onildo Marini Filho, especialista em borboletas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Antes de serem sufocadas pelos rejeitos, as áreas próximas da barragem da Vale atuavam como berçário para muitas espécies, por conta das muitas nascentes e riachos de água limpa. Agora, essa pequena bacia hidrográfica está praticamente morta.
Quanto vale a natureza de Brumadinho? Quanto vale cada vida que a Vale tirou? As vidas das pessoas, árvores e animais jamais retornarão, mas é preciso que a Vale se responsabilize por cada vida tirada, para que tragédias como essa não voltem a acontecer. Você pode ajudar a pressioná-la, participando do abaixo-assinado aqui: https://act.gp/2SU3Eip #ParemAVale
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Discussão
Isso tudo é um absurdo, e as famílias não só de quem trabalhava na vale mas todas que perderam parentes, filhos , pai mãe tem que ser indenizadas pela Vale que é a Única responsável por essa tragédia sem tamanho Muito Triste não podemos relaxar se não fica por isso mesmo DEUS ABENÇO A TODO
Absurdo a Vale não ser penalizada. Queremos justiça!!!
O que eu posso dizer? So sei te dizer que eu chorei de tristeza, se este responsáveis tivesse DEUS no coração já teria resolvido, estes problemas. Mas, oque eles tem no coração e só ganancia. Uma hora eles vão ter que pagar. DEUS não dorme.
Esses dirigentes dessa empresa já deviam estar presos. Providência que se deve estender ao (ir)responsável FHC e quadrilha.
Precisamos fazer valer os direitos que cabem a natureza....
Natureza esta chorando
TEMOS QUE SER MAIS RADICAIS ! TEMOS QUE IMPOR AO GOVERNO FEDERAL O FECHAMENTO IMEDIATO DE TODAS AS UNIDADES DA VALE QUE DETÉM APENAS 50,1 % DAS AÇÕES CUJO RESTANTE 49,9% É DO PRÓPRIO GOVERNO FEDERAL SEM ÔNUS PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS BRASILEIROS REGISTRADOS POR TEMPO INDETERMINADO ATÉ A RECUPERAÇÃO TOTAL DE TODA A BIODIVERSIDADE DESTRUÍDA COM O ROMPIMENTO DESTAS BARRAGENS. DEVEMOS CONDENAR TAMBÉM TODOS OS TECNOCRATAS DO GOVERNO ATUANTES E APOSENTADOS QUE SEMPRE MAMARAM NAS GRANDES TETAS DESTA EMPRÊSA DE MINERAÇÃO E EXTRAÇÃO DE MINÉRIOS FERROSOS. INCLUSIVE TODOS OS POLÍTICOS E CABIDES DE EMPRÊGOS ATUALIZADOS, NESTE NOVO GOVERNO DO PRESIDENTE BOLSONARO. TRANSPARÊNCIA TOTAL E IRRESTRITA ! GOSTAVA DA ÉPOCA DA DITADURA MILITAR - 64 a 82, quando nos uníamos e gritávamos: " O POVO, UNIDO, JAMAIS SERÁ VENCIDO ! " LEMBRAM-SE???? NA ÉPOCA TINHA APENAS 12 ANOS !!! OBRIGADO !!!
Boa noite, meu nome é Paola, sou uma aluna do curso de design gráfico e atualmente estou fazendo uma revista acadêmica sem fins lucrativos chamada Manancial, peço permissão para usar o trechos desta matéria, desde já fico extremamente grata.
Oi, Paola! Nossos conteúdos são liberados para uso educacional. Mais detalhes estão aqui: https://www.greenpeace.org/brasil/direitos-autorais/