Aumento de 44% no desmatamento ameaça povo Karipuna e dificulta combate às mudanças climáticas

Monitoramento recente feito pelo povo Karipuna, o Greenpeace Brasil e pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) na Terra Indígena Karipuna, em Rondônia, identificou uma nova frente de desmatamento naquela região.
Uma incursão a campo encontrou 850 hectares de desmatamento ilegal nos últimos doze meses dentro da Terra Indígena – um aumento de 44% em relação ao período anterior. Por ali, foram encontradas áreas com mais de 100 hectares de corte raso. A grilagem de terras e a destruição em larga escala da floresta colocam em risco a sobrevivência do povo Karipuna – e dos povos que vivem em isolamento voluntário naquela região.
A produção de carne e soja pressiona as florestas daquela área: a pecuária cresceu 87% no município de Porto Velho nos últimos nove anos e o território voltado à produção de soja em Rondônia triplicou na última década, passando de 111 mil hectares para 400 mil hectares em 2020.
Nova frente
O rio Formoso – uma área que não concentrava atividades de grilagem, situada no sudeste do território indígena e mais distante dos grandes centros de exploração ilegal e predatória de Rondônia – começou a apresentar números cada vez maiores de desmatamento. Anteriormente, o desmatamento aparecia mais no noroeste da Terra Indígena.
Entre agosto de 2020 e julho de 2021 a região do rio Formoso registrou 510,3 hectares desmatados – 65% do total de novos desmatamentos verificados no interior da Terra Indígena Karipuna no ano inteiro. Desse total, 94,7% – ou seja, 483,77 hectares – foram desmatados em 2021, entre janeiro e junho deste ano.
Ataque legislativo
A Terra Indígena Karipuna é um dos territórios gravemente prejudicados pela Lei Complementar 1089/2021, que aprovou a redução, em abril de 2021, da Reserva Extrativista Jaci-Paraná e do Parque Estadual Guajará-Mirim.
Essas duas áreas protegidas funcionavam como “escudos” que dificultavam a entrada de desmatadores dentro da TI Karipuna. Com a redução dessas áreas protegidas, por decisão do governador do Rondônia, Marcos Rocha (PSL) – que sancionou a lei em maio – o território do povo Karipuna ficou aberto para a entrada de grileiros e madeireiros que, impulsionados pela política anti-indígena e antiambientalista do Governo Bolsonaro, ameaçam a integridade física, cultural e territorial dos Karipuna e dos povos isolados que circulam naquela área.
Na ocasião, a Reserva Extrativista Jaci-Paraná perdeu 168 mil hectares (quase 90% de seu território) e o Parque Estadual Guajará-Mirim perdeu 55 mil hectares. O ataque legislativo contra as áreas protegidas de Rondônia continua: em setembro, uma nova lei de zoneamento ecológico foi aprovada pelos deputados, abrindo diversas terras para a criação de gado e a plantação de soja.
Crise climática
Líder do povo Karipuna, Adriano Karipuna disse que as autoridades precisam viabilizar meios de proteger o território: “O monitoramento da floresta, feito por nós junto aos parceiros, nos ajuda a entender o que acontece dentro de nossa terra e é fundamental para denunciar atividades ilegais. O Estado deve implementar um plano de proteção permanente para nosso território, com o objetivo de acabar com as invasões e o roubo de madeira de nossa floresta”.
A missionária do CIMI Rondônia, Laura Vicuña, contou que a destruição verificada no chão da floresta guarda relação muito próxima com as grandes discussões globais, como o enfrentamento das mudanças climáticas.
“A crise climática começa aqui, com territórios indígenas sendo saqueados, povos indígenas sendo atacados enquanto um governo negligente e conivente não cumpre seu papel para proteger nosso povo e recursos naturais. Para mitigar os impactos da emergência climática, os governos deveriam aumentar as terras protegidas em vez de reduzí-las”, disse Laura, que acumula mais de 20 anos de trabalho junto aos povos indígenas.
Invasão e destruição
Coordenador do Projeto Todos os Olhos na Amazônia, do Greenpeace Brasil, Oliver Salge disse que o Brasil ‘fecha os olhos’ para os criminosos ambientais: “Enquanto o mundo busca desesperadamente soluções para a crise climática na COP 26, o Brasil faz exatamente o contrário e permite que criminosos invadam áreas protegidas e destruam a casa dos povos indígenas”.
A Terra Indígena Karipuna possui 152 mil hectares e está situada a 100 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia. Ela é cercada por fazendas e vem sendo invadida e desmatada desde 2015 – mais de 5 mil hectares de florestas já foram destruídos nos últimos seis anos.
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Discussão
O que direi é contra a ética mas para um governo que não tem,eu sei que ai daria argumentos para um genocídio. Mas não dá vontade de ensinar técnica de guerrilha para os povos indiginas dar armamento pesado pra acaba com a festa desses grileiros desmatadores desculpe foi desabafo pois eu não aguento mais ver tudo sendo destruído e nada senso feito
Vamos nos unir para fazer um mundo melhor. Vamos proteger a amazônia.