Evento em Xapuri, Acre, relembra legado e reúne lideranças ambientalistas

Arquivo Memorial Chico Mendes

Há exatos 33 anos, o seringueiro e líder ambientalista Chico Mendes era assassinado. Símbolo da luta contra a destruição da Amazônia, seu legado é lembrado até hoje e tem na Semana Chico Mendes, evento que ocorre todos os anos entre os dias 15 e 22 de dezembro, a reunião de lideranças sociais para discutir os desafios de conservação da floresta.

O encontro deste ano, “Crise Climática: vozes da floresta em defesa dos territórios” ocorre em Xapuri, no Acre, com participação de jovens amazônidas e a entrega do Prêmio Chico Mendes de Resistência, a pessoas que se destacaram na defesa do meio ambiente.

Letícia Moraes, da Secretaria de Juventude do CNS (Conselho Nacional dos Seringueiros), recebeu o prêmio na categoria Liderança Jovem. Já na categoria Destaque Institucional, a ASPROC – Associação dos Produtores Rurais do Município de Caruari, Amazonas / Médio Juruá ficou com a honraria.

A Comunidade do Seringal São Bernardo de Rio Branco foi quem recebeu a homenagem de Destaque Povos Originários e Comunidades Tradicionais. Na categoria Destaque Personalidade, Ivaneide Bandeira, a Neidinha, liderança de Rondônia que atua em diversas frentes de defesa dos povos indígenas, e seus filhos receberam o prêmio e sua filha Walela Soitk Bandeira Paiter Suruí veio a Xapuri receber a distinção em seu nome.

Um dos palestrantes do encontro desse ano foi o companheiro de Chico Mendes e presidente do CNS, Júlio Barbosa, que falou sobre a importância de fortalecer a aliança dos povos da floresta. “Precisamos fortalecer nossa aliança. Nossa resistência tem que vir com tempero forte de persistência. Precisamos ser disciplinados, tanto como dirigentes como integrantes da comunidade para que nossa luta seja forte”, afirmou.

Quem vive dentro da floresta também pede que o poder público crie políticas que incentivem as populações a permanecerem nos territórios. “Eu sou um dos poucos jovens que trabalham no seringal onde vivo. Dias após dia estamos correndo um risco muito grande e sem oportunidades para que os jovens permaneçam na floresta e não queiram ir pra cidade”, afirma o seringueiro Rogério Azevedo de Barros, de 23 anos.

Assim como a preocupação com a crise climática foi o tema central da COP26 este ano, o assunto também foi  o centro dos debates deste ano da Semana Chico Mendes. O evento que ocorre desde 1989, em memória ao ambientalista e líder seringueiro assassinado no ano anterior, vai do dia 15 ao dia 22 de dezembro. O encontro , “Crise Climática: vozes da floresta em defesa dos territórios” que ocorre em Xapuri, no Acre, será iniciado com a participação de jovens amazônidas e a entrega do Prêmio Chico Mendes de Resistência, a pessoas que se destacaram na defesa do meio ambiente.

O evento reúne lideranças ambientais de vários estados da Amazônia e jovens que tem realizado debates ao redor do mundo. A filha do seringueiro e também presidenta do Comitê Chico Mendes, Ângela Mendes, conversou com o Greenpeace e falou do evento deste ano e das preocupações com o desmatamento na Amazônia e a relação com a crise climática. “A medida que aumentam os desmatamentos e queimadas, aumentam os desequilíbrios do ecossistema e esgotam nossos recursos hídricos. Esses extremos estão cada vez mais extremos. O evento deste ano veio para discutir essas preocupações”, afirma.

Chico Mendes nasceu no dia 15 de dezembro de 1944 no seringal Porto Rico, próximo à fronteira do Acre com a Bolívia, em Xapuri. Filho de seringueiro passou sua infância e juventude ao lado do pai cortando seringa. A vida no seringal moldou no jovem seringueiro um sentimento de revolta contra a injustiça. A atividade econômica de extração da borracha, na Amazônia, foi sempre pautada por relações de grande exploração.

Em 1983 Chico foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e intensificou sua luta pelos direitos dos seringueiros, pela defesa da floresta e pela luta política contra a ditadura e pelos direitos dos trabalhadores. Mas ao mesmo tempo em que Chico conquistava o respeito internacional, era mais ameaçado em Xapuri. As promessas de solução dos conflitos fundiários não se concretizavam. A ideia de criação de reservas extrativistas se arrastava na burocracia federal.

Em 22 de dezembro de 1988, em uma emboscada nos fundos de sua casa, ele foi assinado a mando de Darly Alves, grileiro de terras com história de violência em vários lugares do Brasil.

Texto atualizado no dia 17 de dezembro

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