Evento ocorre entre os dias 15 e 22 de dezembro, em Xapuri, Acre.

Assim como a preocupação com a crise climática foi o tema central da COP26 este ano, o assunto também será o centro dos debates deste ano da Semana Chico Mendes. O evento que ocorre desde 1989, em memória ao ambientalista e líder seringueiro assassinado no ano anterior, vai do dia 15 ao dia 22 de dezembro. O encontro , “Crise Climática: vozes da floresta em defesa dos territórios” que ocorre em Xapuri, no Acre, será iniciado com a participação de jovens amazônidas e a entrega do Prêmio Chico Mendes de Resistência, a pessoas que se destacaram na defesa do meio ambiente.

O evento reúne lideranças ambientais de vários estados da Amazônia e jovens que tem realizado debates ao redor do mundo. A filha do seringueiro e também presidenta do Comitê Chico Mendes, Ângela Mendes, conversou com o Greenpeace e falou do evento deste ano e das preocupações com o desmatamento na Amazônia e a relação com a crise climática. “A medida que aumentam os desmatamentos e queimadas, aumentam os desequilíbrios do ecossistema e esgotam nossos recursos hídricos. Esses extremos estão cada vez mais extremos. O evento deste ano vem para discutir essas preocupações”, afirma.

Com a aproximação da eleição no próximo ano, Ângela também destaca as incertezas com as políticas voltadas ao meio ambiente. “Considerando que os principais infratores ambientais estão alinhados com o Bolsonaro, e ele vem caindo nas pesquisas, com certeza isso deve levantar uma reação dessa galera que o apoia e coloca fogo em tudo. Prevemos um momento delicado. Tudo que está ruim tende a piorar. Esperamos que os outros candidatos tenham um olhar diferenciado sobre a Amazônia considerando sua diversidade e esse patrimônio vem tanto sendo agredido”, diz.

A semana Chico Mendes, explica Ângela, é um período que reúne e mobiliza a sociedade para fazer o debate acerca das questões ambientais e da defesa do legado de Chico Mendes. A semana também reforça um símbolo de resistência às ameaças aos territórios e populações locais, especialmente em um momento de retrocesso de políticas públicas do governo Bolsonaro. As datas de início e fim do evento são referentes a data de nascimento (15) e ao assassinato (22) do ambientalista. A semana ocorre no Acre desde 1989.

O texto do documento de lançamento do evento deste ano lembra que “é importante destacar que a internet ainda é um obstáculo para os povos da florestas, que muitas vezes não tem acesso à energia elétrica, muito menos sinal para se conectarem, e o palco na Semana Chico Mendes é deles, dos povos da florestas, os nossos guardiões das matas, quem protege os territórios e luta contra os avanços da crise climática”.

Chico Mendes nasceu no dia 15 de dezembro de 1944 no seringal Porto Rico, próximo à fronteira do Acre com a Bolívia, em Xapuri. Filho de seringueiro passou sua infância e juventude ao lado do pai cortando seringa. A vida no seringal moldou no jovem seringueiro um sentimento de revolta contra a injustiça. A atividade econômica de extração da borracha, na Amazônia, foi sempre pautada por relações de grande exploração.

Em 1983 Chico foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e intensificou sua luta pelos direitos dos seringueiros, pela defesa da floresta e pela luta política contra a ditadura e pelos direitos dos trabalhadores. Mas ao mesmo tempo em que Chico conquistava o respeito internacional, era mais ameaçado em Xapuri. As promessas de solução dos conflitos fundiários não se concretizavam. A ideia de criação de reservas extrativistas se arrastava na burocracia federal.

Em 22 de dezembro de 1988, em uma emboscada nos fundos de sua casa, ele foi assinado a mando de Darly Alves, grileiro de terras com história de violência em vários lugares do Brasil.

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