O avanço do desmatamento mostra que a destruição das florestas continua fora de controle

Desmatamento registrado em Julho de 2020, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará. (© Christian Braga / Greenpeace)

Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje mostram que, entre agosto de 2019 e julho de 2020, houve um aumento de 34,5% nos alertas de desmatamento em relação ao mesmo período do ano anterior. Ao todo, foram 9205 km² desmatados, o equivalente a 1.100.000 campos de futebol. O mês de julho de 2020 registrou 1654 km² desmatados.

Além da área total com alertas de desmatamento entre agosto de 2019 e julho de 2020 ser um recorde, houve um número expressivo de grandes polígonos de alertas de desmatamento, com áreas de 3 mil, 4 mil e até 5 mil hectares derrubadas nos últimos 12 meses. 

Como explica Rômulo Batista, porta-voz da Campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil, esses dados indicam que o desmatamento da Amazônia não é fruto da pobreza e do desespero de pessoas em situação de grande vulnerabilidade. Na verdade, trata-se de um esquema organizado, patrocinado por grandes proprietários e grileiros de terra que sentem-se protegidos pelo derretimento das políticas de proteção ambiental e do combate ao desmatamento. 

Entre junho e julho deste ano, houve um aumento de 59,2% das áreas de alertas de desmatamento, porém o índice de julho é menor quando comparado a julho do ano passado. Ainda assim, os dados totais continuam apontando para um desmatamento recorde na Amazônia. 

“Apesar dessa queda do desmatamento em julho, quando comparado ao ano anterior, esse mês apresentou, vergonhosamente, 1654 km². A verdade é uma só: o desmatamento está fora de controle na Amazônia. Essa queda em julho não significa um ganho, mas sim uma perda um pouco menor. Afinal, desde agosto de 2019, foram onze meses seguidos de escandalosos aumentos mensais”, complementa Batista. 

O período observado para esta análise compreende o intervalo utilizado pelo Inpe na elaboração do índice anual de desmatamento, o Prodes – de agosto de um ano até julho do ano seguinte – que costuma ser divulgado sempre em novembro. Apesar do Deter ser um sistema projetado para registrar alertas de desmatamento, seus números são um forte indicativo de qual será o resultado do Prodes, que, com base em anos anteriores, pode ser até 40% maior que o estimado pelo Deter, já que conta com um sistema mais preciso de imagens. 

“Os números mostram, mais uma vez, a verdade que o atual governo tanto tenta esconder. O combate ao desmatamento se faz com transparência, investimento em ciência, resguardo de unidades de conservação e terras indígenas, investimento em órgãos especializados em combate ao desmatamento e queimadas e controle social. Ou seja, tudo o que o governo Bolsonaro refuta reiteradamente. Estamos vivendo um ano e meio de atraso com a política desumana de destruição promovida pelo governo, que estimula os que se beneficiam com a destruição da floresta e intimida os que lutam para mantê-la em pé”, conclui Rômulo.

Assim como nos últimos anos, os próximos meses serão os mais críticos para as pessoas que vivem na Amazônia. A preocupação é com a necessidade de atendimento médico devido aos problemas respiratórios causados pela fumaça e pelas cinzas da floresta queimando. Esse cenário, somado à crise do sistema de saúde decorrente da pandemia, pode levar o sistema de saúde à sobrecarga ou mesmo ao colapso, esmagando vidas.

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