Governo e Congresso seguem estimulando a destruição da nossa maior aliada na contenção da crise climática, a poucos dias da divulgação de novas conclusões da ciência para o clima 

Área queimada em polígono com desmatamento recente, identificado pelo Deter 2021 e Prodes 2019, em Aripuanã, Mato Grosso. (Foto: Christian Braga/Greenpeace)

Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje, confirmam a tendência dos meses anteriores: os alertas de desmatamento na Amazônia permanecem em patamares inaceitáveis. Até 30 de julho, faltando um dia para que encerre o intervalo oficial (agosto-julho) da taxa anual de desmatamento aferida pelo Sistema Prodes (Inpe), o sistema de alertas apontou para uma área desmatada de 8.712 Km2, o segundo maior acumulado da série histórica do Deter-B, somente menor que o de 2020.

Desse total, 31% foram detectados dentro de florestas públicas não destinadas, o que reforça o avanço da grilagem, como efeito desastroso dos sinais enviados de Brasília.   Os órgãos ambientais seguem enfraquecidos, enquanto o Congresso atua como aliado do governo no desmonte ambiental, discutindo e aprovando mudanças danosas na legislação, como o PL 2633/2020, aprovado esta semana na câmara dos deputados.

Já era esperado que o governo não cumpriria a promessa de reduzir o desmatamento em 10%, já que a principal estratégia adotada, o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), é comprovadamente ineficiente. 

“Se o senado aprovar o PL da Grilagem, estará estimulando o desmatamento de áreas extremamente estratégicas para enfrentar a crise do clima  e contribuirá ativamente para o colapso da Amazônia, seguindo na direção oposta dos esforços necessários globalmente para a redução de emissões de gases do efeito estufa”, comenta Cristiane Mazzetti, Gestora Ambiental do Greenpeace Brasil.

Índices alarmantes

O acumulado em alertas de desmatamento (agosto 2020 – julho 2021) representa uma redução de apenas 5,47% em relação ao mesmo período anterior e aponta que a taxa oficial de 2021 será muito aquém da redução de 10%, prometida pelo vice-presidente Mourão no âmbito nacional e internacional. 

O cenário da Amazônia é crítico, foram 1.417 km² desmatados apenas no mês de julho, com destaque para o estado do Amazonas, que ocupa a segunda posição, com alertas de desmatamento em 402 km², atrás apenas do estado do Pará, que registrou alertas em 498 km². 

Em sobrevoo realizado na última semana de julho, o Greenpeace flagrou diversas áreas com grandes desmatamentos, incluindo um desmatamento de 2.716 hectares, equivalente a 3.888 campos de futebol, que devem queimar nas próximas semanas, quando a vegetação remanescente fica mais seca e suscetível ao fogo. 

“O novo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que está prestes a ser lançado, deve reforçar mais uma vez o papel das ações humanas na crise climática. No caso do Brasil, estamos falando do desmatamento da Amazônia, que contribui pesadamente com as emissões nacionais. Proteger a Amazônia é considerada uma ação chave para combater os efeitos da crise climática”, afirma Cristiane. 

Os efeitos das mudanças climáticas já são realidade em todo o mundo: inundações anormais pela Europa, ondas de calor tropical no círculo ártico. Eventos como os vivenciados recentemente no Brasil, que vão desde inundações recordes no Norte do país à crise hídrica nas demais regiões, trazem impactos negativos para a sociedade brasileira como o aumento da conta de energia, do preço dos alimentos, além da ameaça de um racionamento de água e energia. 

Cada dia que a política de proteção ambiental no Brasil retrocede, são dois dias a menos para buscarmos uma solução definitiva, com o desmatamento zero. Vivemos um momento decisivo, em que devemos fazer mais pela proteção das florestas e seus povos. 

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