Números do DETER indicam 8.426 Km2 de alertas de desmatamento na Amazônia em 2020, segundo pior ano na série histórica 

Focos de calor em área próxima à Floresta Nacional de Jacundá, em Porto Velho (RO), registrada em agosto de 2020. (foto: Christian Braga/Greenpeace)

A Amazônia encerrou 2020 com o saldo de 8.426 Km2 com alertas de desmatamento, o segundo maior desde 2015. É o que revelam os dados acumulados do Deter-B (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), divulgados nesta sexta-feira (8). 

Os alertas registrados de 1° de janeiro a 31 de dezembro de 2020 indicam uma pequena queda de 9% em relação a 2019, o primeiro ano do atual governo e que registrou números recordes, e um aumento de mais de 70% em relação a 2018. 

“O desmonte das políticas ambientais e o sucateamento dos órgãos de proteção que testemunhamos ao longo dos últimos dois anos, enviou uma mensagem perigosa à desmatadores, grileiros e garimpeiros ilegais, de que as atrocidades cometidas contra nossas florestas e seus povos seriam toleradas. E o resultado prático disso se traduz nos números, a destruição não para de avançar”, afirma Rômulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace. 

O Deter foi criado em 2004, com o objetivo de gerar informações em tempo real para subsidiar o trabalho de fiscalização e operações de combate ao desmatamento da Amazônia, permitindo que os órgãos de fiscalização e controle planejem com mais precisão suas atividades para coibir o desmatamento e as queimadas. Em 2015 entrou no ar o Deter-B, capaz de fornecer informações mais rápidas, precisas e com uma resolução espacial mais acurada.

Os números recordes apresentados nos dois primeiros anos desse governo expressam a ineficácia da gestão do governo federal em conter o desmatamento e as queimadas na Amazônia. Prosseguindo dessa forma com sua política antiambiental vista nos últimos, anos que fragilizou órgãos de fiscalização ambiental, como Ibama e ICMBio 

Mas enquanto o desmatamento continua a crescer, o governo federal propõe reduzir, ainda mais, os orçamentos dos órgãos de proteção ambiental, com a intenção de extingui-los por inanição. Considerando o que foi proposto pelo governo Bolsonaro no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para o ano de 2021, em relação a 2019, há uma previsão de queda nas despesas discricionárias de R$ 107 milhões (29,1%) no orçamento para o Ibama, de R$ 120 milhões (40,4%) para o ICMBio e de R$ 40 milhões (39,4%) para a administração direta do Ministério do Meio Ambiente. 

A PLOA 2021 encontra-se agora em análise pelo Congresso e deve ser votada em fevereiro. Organizações da sociedade civil se uniram para exigir que deputados e senadores alterem a proposta.

“O aumento do desmatamento e das queimadas alarmantes dos últimos dois anos são reflexo da política antiambiental do governo federal, que anda de mãos dadas com aqueles que lucram com o desmatamento e queimadas ilegais na Amazônia e Pantanal”, completa Rômulo. “Agora, cabe ao Congresso evitar uma tragédia ainda maior, pois nossos patrimônios naturais estão em grande risco”.  

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