Indígena do povo Ka´apor é assassinado em represália às ações de proteção do seu território – já reconhecido pelo Estado brasileiro como sendo tradicionalmente indígena. Até quando?

Invadido por grileiros e madeireiros, o território Ka´apor tem sido palco de uma histórica luta, assimétrica e extremamente violenta. © Lunae Parracho / Greenpeace

É com profunda tristeza e indignação que noticiamos a morte de mais um indígena no Maranhão. Desta vez foi o povo Ka´apor que perdeu um de seus filhos, um de seus guerreiros na luta pela proteção da floresta e da vida. 

Invadidas por grileiros e madeireiros, as terras indígenas do estado têm sido palco de uma histórica luta, assimétrica e extremamente violenta. Muitos indígenas perdem a própria vida na tentativa de  manter seus territórios livres de invasores, interessados apenas em roubar os bens nela existentes. Para eles, as árvores são apenas madeira, a mãe terra apenas a possibilidade de uma “propriedade” e a vida, a família, não têm muito valor. Diante da omissão do Estado em cumprir seu dever constitucional de proteger as terras indígenas – mesmo que este mesmo Estado já tenha reconhecido legalmente que estas terras são tradicionalmente dos povos originários, os indígenas têm assumido para si mesmos a proteção das terras ancestrais. 

Segundo nota da Associação Ta Hury do Rio Gurupi, do povo Ka’apor, divulgada nessa quinta-feira (6/8),  em mais uma tentativa de calar a resistência de seu povo,  Kwaxipuru Kaapor, de 32 anos, foi assassinado na tarde da última segunda-feira (3/8), no povoado Nadir, na cidade de Centro do Guilherme.

Os Ka’apor denunciam que o indígena foi morto em represália a uma ação de fiscalização do seu território. A Terra Indígena Alto Turiaçu tem sofrido há muito tempo com invasões de traficantes, madeireiros e caçadores. Tão antigas quanto as invasões e violações são as denúncias feitas pelas lideranças daquele povo ao Estado. E, também, os pedidos para que atitudes concretas sejam tomadas para impedir a continuidade dos crimes e violências contra os indígenas. 

Ao expressar sua solidariedade à família de Kwaxipuru e a todo o povo Ka´apor, o Greenpeace também repudia toda e qualquer violência praticada contra os povos indígenas do Brasil. É urgente que o Estado brasileiro  garanta a proteção de todos os territórios indígenas do Maranhão e do Brasil e responsabilize todos que violam os direitos constitucionais de seus povos. Também exigimos que sejam tomadas imediatas ações para evitar a ocorrência de mais conflitos e mortes na região.

O direito de existir e de usufruir de seus territórios ancestrais deve ser respeitado. E que nenhuma gota a mais de sangue indígena seja derramada. Kwaxipuru Ka´apor presente!

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