A Comissão Internacional da Baleia, reunida no Brasil, além de negar mais uma vez a criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, pode liberar a caça comercial desses animais incríveis

casal de baleias-jubarte © Scott Portelli

As baleias são fundamentais para a saúde dos oceanos e um dos animais mais incríveis deste planeta

O fato não é totalmente inesperado, mas ainda sim, é muito triste: a criação de um amplo santuário para proteger 51 espécies de baleias e golfinhos no Atlântico Sul não obteve a maioria necessária para a sua aprovação na Comissão Internacional da Baleia (CIB), que está reunida este ano em Florianópolis (SC). Dos atuais 69 membros votantes, 39 foram a favor, 25 contra, 3 abstenções, e 2 membros não participaram.

Apesar de a maioria, incluindo o Brasil, se manifestar pela criação do santuário, o índice mínimo de 75% para a aprovação não foi alcançado. A CIB tem 89 governos membros, mas nem todos eles têm direito a voto ou simplesmente não estão representados na reunião deste ano. Por mais decepcionante que seja esta decisão, estamos certos agora de que o lado da proteção é maioria. E há mais por vir deste movimento.

Entrega de 800 mil assinaturas ao ministro do meio ambiente © Eduardo Zappia

Em 2016 fizemos uma intensa mobilização e nossos ativistas entregaram 800 mil assinaturas pela criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul ao ministro do Meio Ambiente na época, José Sarney Filho

Desde 2014, lançamos uma petição para fortalecer o movimento em busca da aprovação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. Mesmo com a rejeição deste ano, tentaremos novamente na próxima reunião da CIB, em 2020.

Liberação da caça comercial “sustentável”?

Esta é uma reunião especial que só acontece a cada dois anos e, desta vez, logo após uma enorme controvérsia envolvendo imagens de baleias-azuis híbridas mortas na Islândia. Cerca de 400 delegados de vários países membros da Comissão Internacional da Baleia e representantes de várias ONGs, como o Greenpeace, estão reunidos em Florianópolis (SC) até o dia 14/9. Para além do santuário, o que está em jogo é o futuro das baleias, ameaçado por um debate polarizado em torno da caça comercial.

De um lado, os governos “pró-caça”, como o japonês, desejosos de minar a proibição da caça comercial que existe desde 1986, apresentaram a indecente proposta “Way Foward” de legitimar a atividade baleeira “de forma sustentável”, reduzindo as proteções existentes. Do outro lado, os governos “pró-baleias” estão dispostos a defendê-las. É deste grupo a “Declaração de Florianópolis”, promovida pelo Brasil, o país anfitrião, que quer comprometer a CIB a avançar como uma organização focada na conservação, a partir de três reconhecimentos: que a atividade baleeira não é mais uma atividade econômica necessária; de que as baleias são cruciais para manter os oceanos saudáveis; e das muitas ameaças que esses animais ainda enfrentam.

Votação pela criação do santuário de baleias do atlântico sul

Embora a maioria dos países membros tenha votado pela criação do santuário de baleias, o índice de 75% não foi alcançado

Nós do Greenpeace estamos acompanhando a reunião e continuaremos a defender a proibição da caça comercial de baleias e a atuar para transformar a CBI no órgão focado na conservação de que as populações de baleias que ainda restam no mundo precisam tão desesperadamente. Apoiamos a proteção marinha em grande escala, seja pela criação de santuários, como a do Oceano Antártico, seja pela aprovação de um Tratado Internacional dos Oceanos.

Você pode ser parte deste grande movimento pelo planeta. Torne-se um voluntário ou doador e ajude-nos a defender os nossos mares!

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