Adaptados para viver em condições adversas e cheios de características únicas, os recifes conhecidos como Corais da Amazônia merecem ser protegidos da indústria do petróleo

Dias atrás, celebramos o Dia Mundial dos Corais da Amazônia para marcar a data em que o mundo viu pela primeira vez as imagens desse ecossistema. Desde então, muita coisa aconteceu para os recifes dos Corais da Amazônia e a melhor delas foi que o Ibama não permitiu que a Total explorasse petróleo ali perto dele.

As razões para defender os Corais da Amazônia das petrolíferas são muitas. A começar pelas características únicas do ecossistema e pelo fato de a ciência ainda não ter tido tempo de entender e estudá-lo. A Total perdeu sua batalha, mas ainda existem empresas de olho no petróleo da região próxima aos recifes, então, a gente aqui no Greenpeace continua falando porque é importante defender os Corais da Amazônia.

1) Os Corais da Amazônia são verdadeiros vencedores, que sobrevivem em condições adversas

Como está na bacia da foz do Rio Amazonas, os recifes sobrevivem onde não se acreditava ser possível: em grandes profundidades e em locais onde quase não chega luz. A água da região é turva porque o rio Amazonas carrega com ele pedaços de floresta: restos decompostos de árvores, folhas, terra, animais e tudo o que tiver caído em suas correntezas. Há pontos em que a luminosidade não passa de 2%. Sem luz para fazer fotossíntese, o recife conta com a ajuda de bactérias que produzem matéria orgânica.

Algumas áreas dos recifes são de água muito barrenta e escura devido à grande concentração de sedimentos do rio Amazonas. Esta foto mostra água límpida porque foi tirada na porção sul, que há menos pluma.

2) Sua descoberta deixou o mundo científico boquiaberto

A existência dos Corais da Amazônia foi revelada na maior revista científica do mundo, a Science Advances, em um estudo assinado por 39 pesquisadores de 12 instituições, tanto brasileiras quanto internacionais. A descoberta foi considerada uma das mais importantes da biologia marinha da última década. Cientistas do mundo todo ficaram de queixo caído – e felizes, muito felizes – por ver que a natureza encontra saídas para a vida em regiões que parecem inóspitas.

3) Ninguém tinha visto os recifes debaixo d’água até 2017

Apesar do estudo confirmando a existência dos Corais da Amazônia ter sido publicado em 2016, os cientistas já haviam feito três expedições pela costa norte do Brasil para estudá-los entre 2010 e 2014. Eles tiveram apoio da Marinha brasileira e puderam coletar amostras de corais, esponjas e rodolitos. Foi só em janeiro de 2017, no entanto, que pudemos ver como os recifes são debaixo d’água. Isso foi na expedição que o Greenpeace fez com cientistas. Levamos um submarino para registrar tudo. No ano seguinte, foi a vez de irmos com uma câmera submersa (chamada de ROV) fazer mais imagens.

Esta é uma das primeiras imagens feitas dos Corais da Amazônia e foi tirada de um submarino tripulado. As fotos foram publicadas em 28 de janeiro e ganharam o mundo.

4) Espécies novas podem habitar os recifes
Os cientistas que estudam os Corais da Amazônia têm uma grande expectativa quando o assunto é novas espécies: é muito provável que ali vivam peixes que nunca foram catalogados pela ciência. E também bactérias. Fabiano Thompson, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que os recifes têm tudo para ser uma “farmácia submarina”, com bactérias que podem ser usadas no estudo e desenvolvimento de novos medicamentos. A biodiversidade dos recifes é uma de suas qualidades.

5) Formam um corredor ecológico do Caribe até o Atlântico

Os Corais da Amazônia estão localizados na bacia da Foz do Amazonas, mas se estendem até a Guiana Francesa. Fomos até lá em 2018 e avistamos uma área que ainda não estava mapeada. Os cientistas acreditam que os recifes, juntos, formem um corredor ecológico de biodiversidade entre o Caribe e o Atlântico Sul. Uma das evidências é que já foram encontrados ali tanto espécies de peixes que são originários do sul do oceano Atlântico quanto do Caribe.

Estruturas recifais encontradas entre 95 e 120 metros de profundidade, a menos de 150 quilômetros da costa da Guiana Francesa. A imagem foi feita durante uma expedição científica do Greenpeace junto a pesquisadores.

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