233 sinalizadores e coroas de flores simbolizam a urgência de ações para o enfrentamento da crise climática e o impacto dos eventos extremos na vida das populações 

Na manhã da terça-feira, 15 de março de 2022, data que marca um mês da tragédia em Petrópolis, o Greenpeace Brasil levou para a frente do Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro, 233 sinalizadores e mini coroas de flores. Foto: Gabrielle Souza

Na manhã desta terça-feira, 15 de março, data que marca um mês da tragédia em Petrópolis, o Greenpeace Brasil levou para a frente do Palácio Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, 233 sinalizadores e mini coroas de flores. 233 é o número de vítimas confirmadas pela tragédia e, segundo a população local, quatro pessoas continuam desaparecidas.

A ação teve como objetivo prestar homenagem e lembrar as vítimas das enchentes e deslizamentos que atingiram o município em fevereiro, e pressionar o governador Cláudio Castro para que decrete Emergência Climática e execute o plano de adaptação, que até hoje não saiu do papel.

Se o poder público continuar abandonando a população à sorte dos eventos extremos, que já estão mais frequentes e intensos devido às mudanças climáticas, conforme previu a ciência, novas tragédias deverão ocorrer.

É impossível esquecer o que ocorreu no último dia 15 de fevereiro na cidade da região serrana do Rio de Janeiro, quando fortes chuvas caíram sobre o município e 233 vidas foram levadas. A população local ainda procura por pessoas desaparecidas. 

233 vidas soterradas pelo descaso. Foto: Gabrielle Souza

“Petrópolis, para mim, acabou”, relatou Nair da Rocha, moradora do Morro da Oficina, local mais atingido pelas chuvas, em depoimento ao fotógrafo e vídeo maker Thomas Mendel. O profissional permanece na região como voluntário nas ações locais de busca às vítimas e de apoio às necessidades mais prementes. Thomas também fez as imagens e coletou os depoimentos deste vídeo e dos materiais que o Greenpeace Brasil tem publicado sobre a tragédia.

O que ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro é um exemplo das consequências da falta de implementação do plano de adaptação climática no estado, que já prevê altos volumes de precipitação na região serrana nos próximos anos. Decretar Emergência Climática e implementar o plano de adaptação, elaborando-o junto às populações mais impactadas, são ações fundamentais para que o estado se antecipe às próximas catástrofes. 

Apesar do Rio de Janeiro possuir um plano de adaptação, ele sequer contém medidas de implementação, prazos ou etapas de execução, e nem orçamento. O documento base apresentado é uma síntese de informações e dados que indicam projeções e estratégias de adaptação como iniciativas para a elaboração de políticas públicas.

A negligência se mostra também quando olhamos para o fato de que o governo do estado não usou nem metade do orçamento previsto para o ano passado do Programa de Prevenção de Catástrofes do Rio de Janeiro. Em 2021, foram utilizados R$165 milhões dos R$402 milhões disponíveis. Dinheiro que poderia ter sido destinado a obras de infraestrutura. 


Para além de ações como essa em frente ao Palácio Guanabara, o Greenpeace Brasil também tem trabalhado para fortalecer iniciativas que já estão sendo desenvolvidas nos territórios. No caso de Petrópolis, destinou recursos através de parceiros locais para a compra de mantimentos, roupas e necessidades urgentes para as famílias atingidas pela catástrofe.

Chega de descaso político com a crise climática! Ainda que a responsabilização das três esferas públicas seja urgente e necessária, as medidas de adaptação aos eventos extremos precisam ser pensadas de acordo com a dinâmica da realidade de cada território. Por isso fazemos um chamado aos governadores para que Decretem Emergência Climática e executem planos de adaptação.

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