Mesmo com problema no satélite, GLO e moratória, números registram redução de apenas 5% em relação ao mesmo período do ano passado

Focos de calor em área de Prodes (2017-2019). Área próxima aos limites da Terra Indígena Kaxarari, município de Lábrea (AM). (Foto: Christian Braga/Greenpeace)

As queimadas estão proibidas na Amazônia desde 16 de julho (decreto 10.424/2020), portanto em agosto foram registrados 29.308 focos de calor ilegais na floresta.  Esse índice é o segundo maior número dos últimos 10 anos. 

Na comparação com agosto do ano passado, os números mostram uma redução de 5% no número de focos geral e aumento de 7,8% em áreas protegidas. Mas os números podem estar subestimados, já que no dia 16 de agosto o satélite de referência do INPE, o AQUA,  apresentou problemas técnicos e a publicação de dados foi suspensa pela NASA. 

Em um sobrevoo realizado no meio de agosto, o Greenpeace flagrou grandes áreas de queimadas, inclusive dentro de áreas protegidas. “Enquanto o governo discute o corte ou não de verbas para combate do desmatamento e queimadas, a Amazônia está queimando a um ritmo alarmante”, afirma Rômulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace. 

Dos focos de calor registrados em agosto, o Pará e o Amazonas são os estados que registraram maior aumento de queimadas no período. O Amazonas registrou o maior agosto da série histórica foram 8.031 queimadas e, no Pará, 4 municípios concentraram 68% dos 10.865 incêndios no estado. Essas mesmas 4 cidades concentram 19% de todo rebanho bovino do Pará, segundo dados do Efetivo Bovino do IBGE. Além disso, a área de influência da rodovia BR-163 foi palco de 5092 incêndios (48%).  

“Os números e as imagens chocantes mostram que o fogo na Amazônia não é uma agulha no palheiro, é um escândalo que deixa um amplo rastro de fumaça. Uma tragédia que estamos vendo se repetir”, diz Batista. “Ainda assim, o governo pretende cortar verbas de proteção ao meio ambiente no ano que vem”, lamenta. 

O fogo é usado por fazendeiros e grileiros para remover a floresta ou quando ela já está derrubada e seca pelo sol, visando aumentar as áreas para agropecuária, especulação de terras e grilagem. Ou seja, os incêndios não ocorrem de forma natural na Amazônia. 

A prática se tornou ainda mais comum com a falta de fiscalização e desmantelamento dos órgãos ambientais promovido por este governo. Na Amazônia, foram quase 1 mil focos por dia e Pantanal enfrenta situação sem precedentes, com quase 6 mil focos de calor em agosto, um aumento de 251% em relação ao mesmo período do ano passado.

“A fumaça desses incêndios ajuda a lotar os hospitais já sobrecarregados por conta da pandemia. As políticas antiambientais desse governo estão trazendo consequências drásticas para o meio ambiente e para todos nós”, afirma Rômulo Batista. 

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