Foram doadas 685 cestas básicas com arroz, feijão, açúcar, macarrão, trigo, óleo e outros itens; além de kits de higiene e equipamentos de proteção como máscaras e álcool gel

Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, no último trimestre de 2020 mais de 116 milhões de brasileiros – cerca de 52% de nossa população — vivenciaram algum grau de insegurança alimentar. Essa situação ocorre quando a oferta e a qualidade dos alimentos são comprometidos ou quando a pessoa não sabe quando será sua próxima refeição.

O desafio é ainda mais significativo diante do cenário desolador que vivemos por conta da pandemia. Em meio a tanta dor, desafios e incertezas, a sociedade civil não tem poupado esforços para proporcionar maior resiliência a quem mais precisa. Nós, do Greenpeace Brasil, temos apoiado a criação e fortalecimento de redes de apoio e solidariedade, que possam aliviar o sofrimento das milhares de famílias castigadas pela pandemia da Covid-19 e pela crise econômica, agravada pela falta de ação do atual governo para combater o problema.

Solidariedade

Recentemente, o Greenpeace realizou a Ação pela Vida – uma atividade realizada no momento em que o Brasil atingiu a triste marca de 400 mil mortos pela Covid-19. Nela, ativistas escreveram a mensagem “400 Mil Vidas” no Encontro das Águas, em Manaus, no último dia 30 de abril, em solidariedade às vítimas da doença e cobrando uma ação firme e urgente do poder público para proteger a população. 

A mensagem, com 14 metros de altura, foi composta por alimentos, itens de higiene e cilindros de oxigênio. A doação desses insumos conclui a última etapa desta ação pacífica.  

Foram distribuídas na última semana 18 toneladas de alimentos para comunidades em situação de vulnerabilidade de Manaus. Foram doadas 685 cestas básicas compostas de feijão, arroz, açúcar, macarrão, café, trigo e óleo; assim como kits de higiene e equipamentos de proteção individual como álcool em gel e máscaras.

Cheia histórica

A distribuição dos alimentos foi feita em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA) em Manaus e a Rede Maniva de Agroecologia, que intermediaram as entregas para algumas das comunidades mais necessitadas da capital.  

As cidades do Amazonas vivem hoje uma das maiores cheias de todos os tempos – e a tendência é que este cenário continue até meados de junho. Na última segunda-feira, dia 10, o Rio Negro estava com 29,47 metros, o sétimo maior registro da série histórica. Manaus já está em situação de emergência e, no interior do Amazonas, mais de 42 municípios e cerca de 100 mil pessoas já sofrem com os prejuízos, segundo dados oficiais.

Momento certo

A CUFA Manaus recebeu 300 cestas básicas, que foram distribuídas para 180 famílias que vivem em 10 comunidades diferentes da capital. O presidente da instituição, Nildo Lima, disse que as cestas chegam “no momento certo”: “Estamos num momento de pandemia e de início de enchente aqui em Manaus. Antes mesmo da pandemia, a questão da fome já era um problema das nossas comunidades. Muitos pais e mães estão desempregados”.

A CUFA Manaus tem apenas um ano de atuação e já beneficiou mais de 13 mil pessoas. Hoje, atende mais de 40 comunidades das zonas norte, leste e oeste da cidade.

A Aldeia Indígena Beija-Flor, que fica no município de Rio Preto da Eva, a 78 quilômetros de Manaus, recebeu 150 cestas básicas. A aldeia existe desde 1991 e abriga 160 pessoas de diversas etnias como Tukano, Dessana, Tuyuka, Baré e Apurinã.

A comunidade teve 37 casos registrados de Covid-19, a maior parte em janeiro de 2021, durante a segunda onda da doença no Amazonas. Um indígena chegou a falecer. O surto causou um enorme trauma naquela população.

“Com o isolamento social, perdemos nossas fontes de renda: não podemos mais vender nosso artesanato, não recebemos mais visitantes e nem conseguimos sair para vender nossa produção de mandioca, abacaxi, farinha”, contou o tuxaua-geral da aldeia, o Sateré-Mawé Fausto Teixeira.

Sem condições

A artesã e produtora rural Maria Fernanda de Souza, 42, é chefe da família que vai receber uma das 50 cestas doadas à comunidade ribeirinha do Julião, situada no Rio Negro, a 30 minutos de distância de Manaus.

“Está tudo muito complicado. Todo dia sobe o valor do alimento. O leite tá caro, o feijão um absurdo. Temos comunitários que não tem botija de gás. O gás chegou a R$ 120,00 aqui. A maioria do povo está cozinhando à lenha, porque não temos mais condições”, disse a artesã.

Outros locais contemplados com a doação das cestas foram o Parque das Tribos, o primeiro bairro indígena de Manaus; e a Associação Omisma Watyamã, ambos na zona oeste da cidade.

Assumir responsabilidade

A Diretora de Programas do Greenpeace Brasil, Tica Minami, lembrou que os esforços da sociedade civil minimizam danos, mas não são suficientes para reverter os problemas que atingem hoje a nossa sociedade.

“O futuro do nosso país está sendo definido agora e o governo Bolsonaro precisa assumir sua responsabilidade em proteger a vida de todos os brasileiros e brasileiras. Defender a vida hoje é defender a democracia e o direito de todos à saúde. É preciso investir em  políticas emergenciais e inclusivas focadas na proteção das classes mais vulneráveis e frear com urgência o aumento da desigualdade no Brasil”, disse Tica. “Medidas que estimulam a economia da destruição, como o projeto de lei da grilagem ou o enfraquecimento do licenciamento ambiental – atualmente em curso no Congresso – sequer deveriam estar sendo consideradas neste momento, pois a destruição ambiental aprofunda as desigualdades, estimula violências e esgarça os limites ecológicos”.

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