Para recuperar a imagem do país no exterior, governo Bolsonaro deve reverter a agenda destrutiva atualmente em curso e adotar ações concretas e política pública participativa de proteção ao meio ambiente

Essa semana, o presidente Jair Bolsonaro desembarca em Nova York para participar  da Assembleia Geral das Nações Unidas, que começa na terça-feira (24). Em seu discurso de abertura, Bolsonaro pretende neutralizar a crítica global motivada pelas queimadas e o desmatamento da Amazônia. De janeiro a agosto deste ano o número de alertas de desmatamento na Amazônia (Deter) aumentou 75% e os focos de calor cresceram 111%, ambos na comparação com o mesmo período de 2018.

Mas ao invés de ações concretas de combate ao desmatamento e uma política pública ambiciosa  de proteção da Amazônia, do Cerrado e de outros ecossistemas únicos, o governo preferiu investir o dinheiro público em uma campanha publicitária para limpar a imagem do país no exterior e reafirmar a soberania do Brasil em desenvolver a região amazônica. Com os 3 milhões de reais gastos na campanha, veiculada no Brasil e no exterior, o governo poderia garantir a presença de 250 brigadistas na Amazônia durante seis meses1.

Mas quando defende que o Brasil faz o que bem quiser com a Amazônia, o que Bolsonaro realmente quer dizer é que o governo tem o direito de destruir sozinho a maior floresta tropical do planeta. Na visão de Bolsonaro, significa abrir a Amazônia para a mineração, para a grilagem de terras, para o avanço do agronegócio sobre a floresta e para mais exploração predatória e insustentável do maior patrimônio ambiental dos brasileiros.

Este “desenvolvimento”, adotado durante o regime militar, beneficia apenas os grandes e poderosos, e não a população amazônica, formada também por indígenas, ribeirinhos e pelas comunidades de pequenos agricultores.

Fundos de 30 países que movimentam US$ 16 trilhões em ativos cobraram do Brasil ações concretas contra o desmatamento. Diversas empresas – como a Timberland, Kipling Bags, The North Face e H&M – estão suspendendo a compra de produtos brasileiros por causa da agenda anti-ambiental do governo. O Brasil também foi alvo de críticas de diversos governos, como a França e Alemanha, por causa do tratamento que Bolsonaro dispensa à Amazônia. Na última semana, o parlamento da Áustria rejeitou o acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia pelo mesmo motivo.

“A política anti-ambiental do governo não está destruindo apenas a floresta e seus povos, mas também a imagem e a reputação do Brasil ao redor do mundo”, diz Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. “Se quiser evitar mais prejuízos ao país, Bolsonaro deve reverter sua agenda de destruição e adotar medidas concretas e efetivas de proteção à Amazônia”.

Para revelar a verdade inconveniente sobre a Amazônia que o governo insiste em esconder, ajudamos a “traduzir” a campanha oficial do governo:

Bolsonaro, não sabe como proteger a floresta? A gente te ajuda!

Para proteger a floresta é preciso, antes de tudo, que o governo assuma sua responsabilidade em garantir a proteção do meio ambiente e comece a colocar em prática medidas concretas para reduzir o desmatamento.

Ignorar isso é ruim para as florestas, os animais, os rios e para o nosso futuro, além de ser péssimo para os negócios, como podemos ver com todas as empresas que já declararam que não irão mais comprar do Brasil enquanto o país não levar a sério a preservação ambiental.

Elencamos aqui as reais medidas que devem ser tomadas para evitar ainda mais fogo na floresta e salvar a Amazônia da destruição:

  1. Reverter o desmonte das políticas ambientais e garantir a capacidade do Estado brasileiro em combater os crimes ambientais
  2. Implementar políticas de combate e mitigação das mudanças climáticas
  3. Retomar a demarcação das Terras Indígenas e garantir o respeito dos direitos constitucionais dos povos indígenas
  4. Proteger a biodiversidade com a criação de áreas protegidas e garantir sua efetiva implementação
  5. Fim da grilagem de terras, da exploração ilegal de madeira, da mineração e autorizações de queimadas, especialmente em áreas protegidas e terras indígenas
  6. Nenhuma nova hidrelétrica e fim da exploração de petróleo na Amazônia
  7. Garantir um processo de licenciamento ambiental efetivo para todos os projetos de infraestrutura que proteja as pessoas e o meio ambiente
  8. Garantir a transparência das informações produzidas pelas instituições brasileiras para controle social
  9. Restaurar a participação da sociedade nos processos políticos
  10. Garantir um ambiente seguro para ativistas e lideranças comunitárias no Brasil

PARTICIPE DO ABAIXO-ASSINADO

 

1 Cálculo feito com o custo médio de um brigadista de R$ 2 mil por mês.

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