Enquanto governo tenta passar uma maquiagem verde para inglês ver na COP 26, dados comprovam o descontrole do desmatamento na Amazônia

Dados do sistema DETER-B, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje, apontam para uma área desmatada na Amazônia de 877 km². Foi o pior resultado para o mês de outubro da série histórica do sistema, que começou em 2016. Enquanto isso, o Brasil tenta limpar sua imagem durante a COP de Clima, assinando declarações e assumindo compromissos vazios, já que a floresta continua entregue à destruição.
“Enquanto o governo federal tenta vender o Brasil como potência verde na COP 26, a verdade é que o desmatamento em outubro bateu mais um recorde e vem sendo impulsionado pela política antiambiental do presidente, do ministério do meio ambiente com apoio de parte do congresso nacional”, declara Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace.
Os alertas de desmatamento em outubro se concentraram nos estados do Pará 501 km² (57% do total), Amazonas 116 km² (13% do total) e Mato Grosso 105 km² (12% do total). Estimativas do Observatório do Clima apontam que a maior parte (46%) dos gases estufa emitidos pelo Brasil são provenientes do desmatamento. Os dados de 2020 mostram que o Brasil continua, desde 2010, a ampliar suas emissões. No ano passado, em plena pandemia, o aumento das emissões de gases de efeito estufa no Brasil foi de 9,5%; no restante do mundo, houve redução de cerca de 7%.
Assinar ou endossar os diferentes planos e acordos não muda a realidade do chão da floresta, onde o desmatamento e as queimadas continuam fora de controle e a violência contra os povos indígenas e população tradicional só aumenta. De acordo com o último relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre Violência no Campo, em 2020 foram registrados 2.054 ocorrências de conflitos no campo no Brasil, o maior número da série histórica do levantamento, que começou em 1985.
“Enquanto o ministro do meio ambiente passeia na COP 26, exaltando que o futuro verde já começou no Brasil, tecendo elogio ao agronegócio brasileiro, o desmatamento continua sem parar na Amazônia e em nenhum momento dessa COP o governo apresentou a verdade que é justamente essa agropecuária “verde” a responsável direta por 73% das emissões de gases do efeito estufa no país e principal motor do desmatamento na amazônia e outros biomas no Brasil ” conclui Rômulo.
Manifestantes cobram ministro em Glasgow

Durante mobilização do Fridays For Future em Glasgow, nesta sexta-feira (12), último dia da COP26, um Joaquim Leite de papelão “passeou” pelo protesto com um pincel de tinta verde nas mãos, em alusão à maquiagem verde feita pelo ministro e o governo brasileiro durante o evento. Ativistas do Engajamundo e do Fridays For Future levantaram cartazes denunciando a realidade do país: desmatamento recorde, destruição em todos os biomas, desmonte sistemático das leis, de órgãos ambientais e violação dos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
Na ausência do presidente do Brasil no evento, o ministro do meio ambiente foi enviado à COP para tentar limpar a barra do país, que assumiu alguns compromissos: assinou um acordo para proteger as florestas, com meta de acabar com o desmatamento ilegal até 2030; outro para a redução de emissão de metano, sem endereçar o metano da pecuária, que responde por 70% das emissões do gás no Brasil; e se comprometeu a se tornar carbono neutro até 2050 e cortar em 50% as emissões brasileiras até 2030.
Esta última é mais uma promessa de um governo que avança com uma agenda antiambiental e traz falsas soluções, como é o caso do mercado de carbono, que se apoia no princípio do poluidor pagador, ou seja, quem tem dinheiro paga para continuar emitindo e não reduz as emissões, que é a real solução.
“Além das falsas soluções propostas, como se vê ao longo desses três anos de implementação de uma política antiambiental, o governo Bolsonaro é incompatível com a proteção do meio ambiente, o que nos afasta significamente de atingir essas metas e compromissos de fato”, diz Thais Bannwart, porta-voz de políticas públicas do Greenpeace Brasil.
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Discussão
Muito triste!
Os responsáveis por esta tragédia deveriam ser julgados em NUREMBERG, como os nazistas criminosos de guerra
Tornou-se exaustivo apontar atos comissivos e omissivos do que se anuncia como Govêrno deste pobre país (quando de fato inexiste governança mas apenas empulhação) e a única alternativa que se apresenta é a comunidade ser mobilizada para adotar procedimentos capazes de alterar o "status quo" visando tentar salvaguardar interesses da geração vindoura, porque a atual já está comprometida .