Em São Paulo, nos unimos aos jovens, pedimos a proteção pela Amazônia e ironizamos os “Céticos do Clima”, representados por aqueles que ameaçam o agravamento da crise climática

Ontem, junto com o mundo, o Brasil foi às ruas para defender o planeta, nossa casa comum. A Greve Global pelo Clima, uma mobilização mundial puxada pelas mãos da juventude, que exige medidas concretas para frear as emissões de gás carbônico e combater o aquecimento global, levou milhões de pessoas a manifestações pelo mundo, em todos os continentes. No Brasil, pelo menos 65 cidades participaram e pediram pela defesa da Amazônia e por justiça climática.

O Greenpeace, como parte da Coalizão pelo Clima, uma das organizadoras da mobilização em São Paulo, foi às ruas em apoio aos jovens. Com irreverência e humor, ironizamos o desmonte das políticas ambientais do governo atual mostrando os agentes e os discursos que buscam desvirtuar fatos reais e desqualificar a ciência.

No nosso bloco, trouxemos os “Céticos do Clima”, composto pelas figuras do ruralista, do terraplanista, do cientista maluco, do “sinistro” Salles e do presidente Jair Bolsonaro. “Discursos que desacreditam o trabalho de institutos responsáveis, como o INPE (Instituto Nacional de pesquisas Espaciais), a gravidade da crise climática, além do descaso com comunidades e populações indígenas que habitam os diversos biomas brasileiros não devem ser tolerados em um país democrático”, diz Fabiana Alves, da campanha de Clima do Greenpeace.

Assim como os jovens, nós também deixamos nosso recado carregando uma faixa com os seguintes dizeres: “Sem Amazônia, sem Clima”. E mais para trás, nossos ativistas carregavam um banner de 50 metros que gritava ao mundo: SOS Clima. Todo esse ativismo ao som do maracatu, batida brasileira que embalou nosso protesto pacífico na noite de ontem.

Em muitas das manifestações, as vozes das crianças e dos jovens protagonizaram o lugar de fala. Em São Paulo, em um palco com microfone aberto, as primeiras a discursar foram as crianças.

Não existe planeta B. Se a gente destruir este, quer dizer, se vocês destruírem mais este planeta, não vai ter outro pra gente viver. Por isso, a gente pede para vocês ajudarem a consertar o que já foi estragado no nosso planeta”, disse Cora Mirandez, 10 anos, uma das crianças que subiu ao palco ontem em São Paulo, durante a concentração no Masp – Museu de Arte de São Paulo.

Por todos os cantos do mundo, não foi diferente. As vozes dos jovens e das crianças fizeram eco na maior mobilização pelo clima que o mundo já viu. Em todos os continentes, o pedido do movimento Fridays For Future foi replicado: justiça climática, fim do uso de combustíveis fósseis e a punição dos maiores poluidores do mundo.

Nos Estados Unidos, foram feitos protestos em mais de 500 cidades. O país recebeu a jovem ativista sueca Greta Thunberg, que inspirou o movimento mundial da juventude a se articular pelo Clima. Diante de uma multidão, a pequena gigante de 16 anos deixou um recado: “O mundo está de olho nos governantes. Eles ainda têm a chance de provar que estão unidos pela ciência e que estão nos ouvindo”. Em Nova York, mais de 1 milhão de estudantes foram liberados pelas escolas para participar das mobilizações.

Cúpula de Ação Climática da ONU

A Greve Global pelo Clima é um grito aos governantes de todo o mundo, que estarão reunidos em Nova York para a Cúpula da Ação Climática. A Cúpula foi uma idealização do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterrez, que compreende que a crise climática deve ser agenda prioritária dos países do mundo, já que este ano é a última chance dos governantes atualizarem suas NDCs (contribuições nacionais para diminuir as emissões de gases de efeito estufa) antes que o Acordo de Paris entre em vigor, em 2020.

A difícil negociação entre os países se reflete na fala clara de milhares de crianças e jovens que foram às ruas para pedir que governos e empresas se tornem responsáveis e mudem suas escolhas de modo a acabar com os combustíveis fósseis, e conter o fim das florestas e da biodiversidade do mundo.

No Brasil, milhares pediram pelo clima e pela Amazônia em nome das futuras gerações e daqueles que são os mais atingidos pelas catástrofes climáticas e que menos contribuem por elas – os mais pobres e as comunidades e populações marginalizadas; mostrando a importância da pauta em um país desigual, em que a atitude de grandes empresas e governos atinge a todos, com consequência diferentes para cada um.

Bolsonaro irá discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, após a Cúpula. A atitude do governo federal em colocar em segundo plano a crise do clima vai na contramão do mundo e do que as pessoas exigem nas ruas.

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