Fazer o dinheiro chegar de modo rápido e simples na mão de quem precisa é o objetivo da iniciativa – Greenpeace Brasil é um dos investidores

Greenpeace / Rodrigo Baleia
© Greenpeace / Rodrigo Baleia

A rede de solidariedade para apoiar o povo gaúcho ganhou um novo capítulo no início de agosto. Um projeto pioneiro de crédito passou a auxiliar a retomada da agricultura familiar de base ecológica, gravemente atingida pela maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. Três meses depois das enchentes, os primeiros recursos chegaram às famílias agricultoras e a expectativa é ofertar no total 10 milhões de reais. 

“Esse é um passo muito importante para apoiar as famílias agricultoras do Rio Grande do Sul a recomeçarem suas vidas. Sabemos que, além da assistência governamental, as doações foram fundamentais para assistir a população mais necessitada durante a emergência. Agora, o Greenpeace Brasil entra como investidor nesta iniciativa porque queremos ajudar a financiar o futuro que acreditamos: agroecológico, organizado em cooperativas, solidário e justo, afirma Carolina Pasquali, Diretora Executiva do Greenpeace Brasil. 

A operação permite o direcionamento de fundos de investimentos para famílias da zona rural reconstruírem suas produções agroecológicas, reunindo instituições interessadas em destinar recursos para quem realmente precisa. Mais de 1,2 mil famílias serão contempladas, em 120 cidades, com créditos de até R$10 mil por núcleo familiar, unindo crédito e assistência técnica para viabilizar soluções. 

As famílias beneficiadas começaram a acessar o dinheiro neste mês, destinando para a compra de produtos como máquinas, adubos e sementes.

Financiar a solução e não a destruição

A iniciativa foi idealizada pelo Grupo Gaia em parceria com o Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com apoio do Greenpeace Brasil, do Pacto Contra a Fome e do Instituto Cultural Padre Josino. 

Para João Paulo Pacífico, fundador do Grupo Gaia, o mercado de capitais precisa de uma mudança radical. “Não é possível que continuem buscando o lucro a qualquer preço, ignorando os impactos sociais e ambientais. Essa operação é um exemplo de como usar as ferramentas do mercado financeiro para que nosso mundo continue habitável.”

Diante de eventos climáticos cada vez mais fortes e frequentes, esta é uma chance do mercado de capitais direcionar recursos a práticas, ações e modelos sustentáveis, promovendo o que realmente importa: comida no prato, cuidado com o meio ambiente e bem-estar social. Contrapondo um cenário, identificado pelo Greenpeace, no qual bancos estão financiando grandes produtores rurais envolvidos com crimes e irregularidades socioambientais que agravam as mudanças no clima. 

Em abril, o Greenpeace Brasil revelou financiamentos bancários a milhares de imóveis rurais com evidências de desmatamento ilegal, invasões de terras indígenas e violações de direitos humanos. Todos os casos identificados estão na Amazônia, após uma investigação de quase um ano que resultou no relatório “Bancando a Extinção”. No mês de junho, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou que oito bancos encerrem os financiamentos de crédito rural, antes do término previsto nos contratos.


Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!