Em entrevista ao Greenpeace, o climatologista José Marengo faz uma análise da relação entre aquecimento global e a falta de chuvas que impactou o nível dos reservatórios de grande parte das hidrelétricas do país, um dos motivos da alta nas tarifas de energia

A escassez de chuvas entre setembro de 2020 e março de 2021 nos reservatórios de grande parte das hidrelétricas do país somada à falta de planejamento do poder público resultaram na pior crise hídrica dos últimos 91 anos, no Centro-Sul. Cinco estados estão em alerta de emergência para o período de junho a setembro: Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
Por conta dessa queda no nível dos reservatórios, o governo anunciou o acionamento das termelétricas para atender à demanda do consumo de energia. Além de mais poluentes, a produção de energia por usinas térmicas é mais cara e essa decisão reflete diretamente no bolso da população, que é para quem o governo repassa o prejuízo com o aumento da conta de luz.
Mais emissões, maiores os riscos de novas secas. E o planejamento?
Uma vez que geram energia a partir da queima de combustíveis, como diesel, gás e carvão, as termelétricas são mais poluentes, contribuindo assim para o aumento das emissões brasileiras de gases de efeito estufa que intensificam o aquecimento global e, consequentemente, o risco de um futuro com mais secas e ainda mais intensas.
Há tempos a ciência vem alertando que as mudanças climáticas estão provocando o aumento da intensidade e frequência de eventos extremos, caso de secas e cheias. Como bem lembrou o climatologista e meteorologista José Marengo em entrevista ao Greenpeace Brasil (que você pode conferir nos vídeos que estão nesta página), “a atmosfera não reconhece fronteiras”. Enquanto o mundo todo sofre os impactos do agravamento da crise climática, o Brasil também paga seu preço, e em vez de tentar reverter este cenário com o reconhecimento de que vivemos uma crise e um plano de enfrentamento, o governo coleciona ações que seguem aumentando as emissões.
Como se não bastasse as dificuldades impostas pela pandemia, pelos eventos decorrentes da crise climática, insegurança alimentar e desemprego, agora o cidadão brasileiro vai ter de arcar com o aumento da tarifa de energia que, como toda situação de crise, tem peso e consequências muito mais graves sobre aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade.
A situação atual poderia ter sido evitada? Será que em vez de construir e acionar termelétricas, que agravam a crise climática, o Brasil já não poderia ter acelerado em direção à transição para o investimento em fontes de geração de energia limpa, renovável e sustentável?
Para responder a algumas dessas perguntas, a gente te convida a ouvir essa entrevista com José Marengo, climatologista, meteorologista e coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), órgão ligado ao Ministério da Ciência.
A entrevista com Marengo foi realizada virtualmente no dia 25 de junho de 2021.
Parte 1: Eventos extremos, como a seca no Centro-Sul, poderão ser mais frequentes e intensos com as mudanças climáticas
Nesta primeira parte da conversa, Marengo chama atenção para o fato do clima mundial estar mudando como resultado da intensificação do aquecimento global e que as consequências já estão sendo observadas. “O aquecimento global é um processo natural, só que as atividades humanas estão acrescentando e intensificando, assim como seus impactos. Nós estamos sentindo coisas que não deveriam estar acontecendo, deveriam acontecer nas próximas décadas ou 100 anos”, alerta.
Parte 2: O que pode ser feito para mitigar os impactos das mudanças climáticas?
Em novembro deste ano, representantes de países representantes dos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) vão se reunir na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) para tratar de um inimigo comum e que não reconhece fronteiras, a crise climática. O Brasil tem um papel fundamental neste enfrentamento, que passa pelo fim do desmatamento da Amazônia.
O cumprimento das metas assumidas pelos países no Acordo de Paris e o combate ao desmatamento são algumas das ações destacadas por Marengo para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Ele também aborda a questão social, uma vez que as pessoas em situação de vulnerabilidade têm sua realidade agravada pelas consequências da crise do clima.
Parte 3: Ao acionar termelétricas para evitar apagão, Brasil entra no “cheque especial”
O Brasil tem um enorme potencial para investimento em geração de energia limpa, renovável e sustentável, como eólica e solar. No entanto, em um momento como este, por falta de planejamento, infraestrutura e vontade política, precisamos recorrer às térmicas para evitar um apagão, que são mais caras e poluentes.
Nesta terceira parte da entrevista, Marengo aborda as consequências de ainda termos de depender de fontes de energia suja para situações de emergência como a que estamos vivendo agora.
Parte 4: Quais outros eventos extremos são provocados pelas mudanças climáticas no Brasil?
Chegando ao fim desse papo sincero com a ciência que esperamos ter te ajudado a pensar em algumas das perguntas lançadas lá no começo do texto, Marengo comenta sobre alguns outros eventos extremos que já são reflexo das mudanças climáticas.
Discussão
Existe uma teoria em que as hidreletricas do Brasil são alimentadas pela floresta amazônica.
O Brasil sempre ouve secas mas ninca havia chegado ao ponto que está hoje. O Brasil tem petróleo sim extraído dp Rio Amazonas e o Brasil agora está em falta de petróleo ao ponto das tarifas serem tão altar como estão? Como sempre em todos os pontos, o bolso do condumidor é que sofre com tudo isso além dos preços audíveis da cesta básica, estamos sempre sendo pagando contas de políticos.