Alertas de desmatamento na Amazônia rompem a barreira de 1 milhão de hectares em um ano. O governo tem de parar de negar os dados da ciência e começar a agir para deter a destruição
A taxa consolidada do desmatamento na Amazônia divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nesta terça-feira (09/06), aponta que o desmatamento em 2019 atingiu a marca de 1.012.900 hectares, quase duas vezes a área do Distrito Federal. Em relação a 2018, houve um aumento de 34%, quando a área desmatada atingiu 753.600 hectares.
A taxa consolidada é um cálculo feito a partir da análise de imagens de satélites que cobrem todo o território da Amazônia brasileira.
Infelizmente, os dados não surpreendem, tendo em vista o esforço hercúleo do governo federal, em especial do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em liberar as leis que favorecem quem desmata e facilitar a destruição da maior floresta tropical do mundo.
“Enquanto o governo finge fazer política ambiental, o que estamos vendo a cada dado publicado é que a destruição na Amazônia não pára. A taxa do ano passado foi a maior desde 2008 e, infelizmente, o que os dados de alertas indicam é uma destruição ainda maior de florestas e de sua rica biodiversidade neste ano, aumentando a pressão a cada dia sobre os povos que a protegem”, afirma Rômulo Batista, do Greenpeace Brasil.
No mesmo dia que o Inpe divulgou os dados, o vice-presidente Hamilton Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia, veio a público tentar enganar a população ao dizer que a área dos alertas de desmatamento em maio foi a menor dos últimos anos. Mentira. Por algum motivo escuso, Mourão ignorou o fato de que foram 61.200 hectares de alertas de desmatamento entre 1 a 28 maio de 2020. É a segunda maior área de alertas dos últimos cinco anos, perdendo apenas para 2019. E ainda assim, a três dias de acabar o mês.
“Infelizmente, estamos fadados este ano a ultrapassar o novo recorde de desmatamento de 1 milhão de hectares, em plena pandemia da Covid-19. Uma ameaça real que já atinge fortemente a região amazônica. Grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais continuam invadindo a floresta e ameaçando os povos indígenas, levando a doença para essas regiões, enquanto o governo nada faz para evitar isso ou, pior, segue entregando não somente regulamentações ambientais aos setores mais retrógrados que querem explorar sem limites, mas também oferecendo a Amazônia de baciada para os criminosos”, conclui Batista.
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Discussão
Triste demais!
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