Com o Brasil no centro das decisões climáticas, cresce o apelo por ações concretas em defesa dos mares

Nos últimos dias, fomos inundados por notícias desafiadoras que posicionam este ano como decisivo na nossa luta por um mundo que respeite a natureza e proteja os ecossistemas marinhos. 

Um exemplo alarmante foi a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, um retrocesso que enfraquece os esforços globais para combater a emergência climática. Como um dos maiores emissores de gases do efeito estufa, essa decisão tem consequências diretas no agravamento de ameaças aos oceanos, colocando em perigo a biodiversidade marinha e as comunidades que dependem dela para sobreviver.

Mas novos mares nos convidam a continuar a sonhar e agir por um planeta mais azul e saudável. Em 2025, reafirmamos nosso compromisso com a proteção dos mares, da vida marinha e das comunidades costeiras. 

Este ano será decisivo para garantir compromissos que cuidem e respeitem os oceanos, e nossas metas refletem essa urgência. 

1. Limitar o aquecimento global e minimizar o branqueamento de corais

Os corais, fundamentais para a biodiversidade marinha, estão enfrentando grandes ameaças devido ao aumento da temperatura dos oceanos. Um dos principais efeitos do aquecimento da água do mar é o branqueamento dos corais, que ocorre quando as microalgas que vivem dentro de seus tecidos são expulsas devido ao calor excessivo. As microalgas fornecem aos corais a energia necessária para sua sobrevivência, por meio da fotossíntese, enquanto os corais oferecem abrigo e nutrientes às microalgas.

Dois mergulhadores seguram um cartaz com os dizeres em inglês "perigo", o clima mudou, em frente a um recife de corais brancos.
© Greenpeace / Grumpy Turtle / Harriet Spark

Sem essas microalgas, os corais não conseguem se nutrir adequadamente, ficam vulneráveis a doenças e assumem uma aparência branca ou translúcida, daí o nome “branqueamento”. Esse fenômeno também afeta os recifes como um todo, prejudicando as espécies que dependem deles para alimentação e proteção.

Queremos minimizar o aquecimento global, para proteger os ecossistemas marinhos, que oferecem tantos benefícios para a sociedade. Para isso, precisamos:

2. Dizer não à mineração em Alto-Mar e ratificar o Tratado Global dos Oceanos

A mineração em alto-mar é o processo de extração de minerais, como cobre, níquel e cobalto, diretamente do fundo do oceano. Embora esses minerais sejam alvo de soluções tecnológicas, essa prática ameaça ecossistemas marinhos que levaram milhares de anos para se formar.

Além disso, esse tipo de atividade pode liberar sedimentos tóxicos, comprometendo a biodiversidade marinha em vários níveis da cadeia alimentar.

Polvo do ar profundo com o fundo preto
© Solvin Zankl / Greenpeace

O Tratado Global dos Oceanos é um acordo que visa proteger a biodiversidade em águas e no solo marinho de áreas internacionais, que representam 64% dos oceanos do mundo e são patrimônio da humanidade. Este tratado deve ser incorporado pelos países, que passam à se contribuir, por exemplo, com a proteção de 30% dos oceanos até 2030, a partir da criação de áreas protegidas e a restrição de atividades extrativas destrutivas, como a mineração.

Para Mariana Andrade, Coordenadora da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil, o comprometimento dos países com os oceanos dentro e fora dos territórios nacionais é fundamental para conectar a proteção da biodiversidade com o enfrentamento da crise climática:

“Em 2025, o Brasil pode evidenciar ao mundo seu comprometimento com uma gestão sustentável e responsável do mar. Ao ratificar o Tratado Global dos Oceanos, por exemplo, somamos a um movimento global de proteção da biodiversidade marinha e de enfrentamento da crise climática, além de abrir novas oportunidades para políticas públicas integradas e justas dedicadas oceano em território nacional.”

3. Barrar a PEC das Praias

A PEC 03/2022, também conhecida como “PEC da privatização das praias”, foi pautada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e pretende transferir a propriedade dos terrenos de marinha, que são da União, para a responsabilidade dos estados, municípios e entes privados, o que pode permitir a venda de áreas à beira-mar. 

Com votação prevista para dezembro de 2024, foi adiada após intensas manifestações da sociedade civil, mas pode retornar à pauta do legislativo em 2025.Em uma consulta pública realizada pelo Senado, 98,6% da população se posicionaram contra a PEC 03/22, o que refletiu o amplo descontentamento popular. 

As praias são patrimônios de todos. A PEC das Praias, se aprovada, pode restringir o acesso público a essas áreas, transformando espaços democráticos em terrenos passíveis de privatização. Isso é também uma forte ameaça aos ecossistemas marinhos, vulneráveis à urbanização das zonas costeiras e fundamentais para a proteção das cidades à beira-mar. 

Lutaremos para que:

4. Barrar a Exploração de Petróleo pela Petrobras no Bloco 59 na Foz do Amazonas

região com manguezais, floresta ao fundo, uma casa, e um barco a esquerda
© Enrico Marone / Greenpeace

Em 2023, a Petrobras solicitou a concessão de licença ambiental para perfuração de poços na Bacia da Foz do Amazonas, com o objetivo de abrir uma nova fronteira de exploração de petróleo nesta região, rica em biodiversidade marinha e casa para comunidades tradicionais.

A exploração de petróleo nesta área apresenta riscos graves de contaminação por derrames de petróleo e poluição química, que podem comprometer esses ecossistemas críticos, como mostrou o estudo realizado pelo IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) durante a expedição Costa Amazônica Viva.

Investir em petróleo em pleno 2025 está totalmente em desacordo com uma transição energética justa e o compromisso assumido pelo Brasil em suas metas climáticas. 

Além dos danos ambientais, há um impacto direto nas comunidades tradicionais que habitam a região. Entre elas, estão os povos indígenas, como os da Terra Indígena Uaçá, Juminã e Galibi, que enfrentam desafios tanto ambientais quanto sociais com a proximidade das operações petrolíferas.

O processo de licenciamento está em andamento, mas as evidências sobre os riscos à sociobiodiversidade são evidentes. A decisão que será tomada pelo IBAMA  será crucial para o futuro da Foz do Amazonas, de suas comunidades e do planeta.

Por isso, devemos:

5. Um Futuro Livre de Plásticos

O plástico está invadindo cada canto do nosso planeta, desde as profundezas dos oceanos até o gelo do Ártico. Ele se acumula nas praias onde tartarugas fazem seus ninhos e invade o corpo humano, chegando a lugares onde nunca deveria estar.

um lixão de plástico com um homem em cima com um boné
© Nandakumar / Greenpeace

O que vemos nas praias ou flutuando na água é só a ponta do problema. Mais de dois terços de todo o plástico no oceano afunda e forma um verdadeiro deserto no fundo do mar. Como se isso já não fosse suficiente, garrafas, sacolas e outros resíduos se quebram em pedaços minúsculos, os microplásticos. Esses fragmentos, invisíveis a olho nu, são ainda mais perigosos, pois se infiltram nos ecossistemas, afetando toda a vida marinha e humana.

A luta contra a poluição por plástico não é só sobre limpeza, mas sobre repensar a produção de materiais que estão contaminando o planeta. Em 2025, países do mundo todo estarão reunidos para negociar um acordo global que pode transformar nossa relação com o plástico. Queremos que os países sejam corajosos em se comprometer com um Futuro Livre de Plásticos. 

Aqui estão algumas formas de contribuir:

  • Assine nosso baixo assinado
  • Apoie políticas de economia circular que priorizem a reutilização e reciclagem.
  • Reduza o consumo de plásticos no seu dia a dia, como a eliminação de embalagens desnecessárias que são difíceis ou impossíveis de reciclar.

Qual é o seu compromisso com os oceanos para 2025? 🌊

Juntos, podemos fazer a diferença para os oceanos permanecerem vibrantes, saudáveis e cheios de vida!

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