Diante do abandono do Estado brasileiro, redes de solidariedade como o Asas da Emergência proporcionam maior resiliência aos indígenas

Manaus e São Gabriel da Cachoeira, duas cidades do Amazonas, revelam as diferentes formas que o projeto Asas da Emergência vêm investindo para apoiar, desde maio de 2020, mais de 70 povos indígenas que vivem, especialmente, em áreas remotas na Amazônia, mas também em suas capitais. 

Separadas por 850 km e três dias de viagem de barco, estes municípios vivem realidades bastante diferentes. Capital do estado, Manaus tem uma população de mais de dois milhões de habitantes, enquanto São Gabriel, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela, não chega a ter 50 mil moradores. Mas elas têm algo em comum: primeiro, o fato dos povos indígenas estarem relegados ao abandono pelo Estado; e segundo, o fato de que esses povos estão sendo apoiados por esta rede de solidariedade, seja através da doação de alimentos ou de equipamentos hospitalares.

Em vídeos, lideranças dos povos Sateré Mawé e Baré relatam alguns dos desoladores efeitos da pandemia sobre as populações indígenas e reafirmam a importância de ações solidárias. 

De São Gabriel da Cachoeira, cidade mais indígena do Brasil, Marivelton Barroso, diretor-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), lamenta a situação crítica e insuficiente da imunização e o total despreparo no atendimento de pacientes indígenas que apresentam quadros mais graves de Covid-19. 

Ele avalia que esse segundo ano de pandemia tem sido bem mais desafiador porque a variante do vírus tem sido muito mais letal. A região do Alto Rio Negro tem 23 povos indígenas vivendo em 750 comunidades localizadas em 11 territórios. Na opinião de Marivelton, o descaso do governo em relação à pandemia deixa claro que “ainda não acabou aquele objetivo de extinguir a população indígena no Brasil”. 

Além da dor da perda de anciãos e parentes, Ynara Waty, coordenadora da Organização das Mulheres Indígenas Sateré Mawé de Manaus (Omism/Watiyamã), salienta as severas dificuldades econômicas que os povos têm enfrentado no último ano, principalmente aqueles que dependem da venda de artesanato tradicional. 

Vivendo na capital Manaus, Moy Sateré Mawé relata no vídeo como a transmissão da tradição da arte de seu povo, de geração para geração, é essencial para garantir renda para os indígenas. “Antes da pandemia, a gente fazia isso, né, sobrevivia da venda de nosso artesanato”, afirma ela. No entanto, devido à necessidade de isolamento social, esta atividade comercial não está mais sendo possível, o que faz com que a segurança alimentar das famílias esteja ameaçada.

Diante dessa conjuntura, as lideranças agradecem o apoio da rede de solidariedade que, através do Asas da Emergência, já entregou um total de mais de 107 toneladas de insumos. Somente em 2021 o projeto atendeu diferentes comunidades em cinco estados da Amazônia (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima), levando 43 toneladas de materiais com o objetivo de fortalecer a resistência de povos indígenas diante dos impactos da disseminação do coronavírus na Amazônia. 

Por avião ou barco, as cargas são compostas de alimentos, materiais de proteção (máscaras, luvas, sabão, álcool em gel) e equipamentos hospitalares (cilindros e concentradores de oxigênio, testes para Covid-19 e geradores para a implantação das mais de 75 Unidades de Atenção Primária Indígena – Uapi). 

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