Os números comprovam que a imagem que o governo brasileiro tenta passar aos embaixadores e ao mundo de que a floresta segue preservada, é falsa.
Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje (6), mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia continuam crescendo em ritmo alarmante. Os dados de 1º à 30 de outubro mostram um aumento de 50,6% nos alertas, na comparação com outubro de 2019, totalizando 83.600 hectares, área equivalente a mais de 100 mil campos de futebol.
Outubro registrou o pior índice para o mês, desde o início da série temporal do DETER B, em 2015. “Não é só o desmatamento que está fora de controle. Em outubro, foram 17.326 focos de calor na Amazônia, 120% mais do que no ano passado”, afirma Rômulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Enquanto o Inpe divulga novos dados preocupantes, o governo brasileiro realiza uma viagem com embaixadores e representantes consulares pela Amazônia, em uma rota estrategicamente traçada, que passa apenas pelas porções mais protegidas da floresta, para negar as evidências da destruição da floresta. Já no mundo real, o desmatamento e as queimadas vêm atingindo os maiores índices dos últimos 10 anos.
Em resposta a isso, o Greenpeace elaborou uma rota alternativa, mais condizente com os desafios e graves danos ambientais que a região enfrenta. A carta com o trajeto proposto foi enviada às embaixadas esta semana, com o objetivo de levar um contraponto à publicidade governamental junto aos líderes mundiais.
“Acabar com a destruição da floresta, a perseguição e mortes dos seus guardiões e as consequentes repercussões internacionais da política antiambiental adotada por este governo, exigirá mais do que tentar enganar embaixadores com um sobrevoo”, diz Batista.
Em agosto deste ano, o Greenpeace e mais 61 organizações publicaram uma carta conjunta, onde apontam algumas medidas emergenciais para deter o avanço do desmatamento na Amazônia. Entre as propostas, estão: uma moratória de 5 anos do desmatamento da amazônia; a elaboração de um plano de prevenção e combate ao desmatamento e queimadas; a retomada da criação de Unidades de Conservação e reconhecimento dos territórios tradicionais indígenas e quilombolas; a reestruturação dos órgãos de comando e controle; e a aplicação de punições jurídicas maiores aos crimes ambientais, em especial o desmatamento e queimadas.
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