O ex-ministro de Meio Ambiente e da Fazenda qualifica como “deliberada e maligna” a política ambiental do governo Bolsonaro e aponta que o “ambientalismo de resultados” resultou em ainda mais desmatamento

Em um momento em que o governo Bolsonaro completa um ano e meio e o Brasil enfrenta o agravamento de retrocessos na área ambiental e da negação da ciência, torna-se cada vez mais importante ouvirmos pessoas capazes de compartilhar análises lúcidas sobre a realidade do nosso país. É o caso de Rubens Ricupero, que foi ministro de Meio Ambiente e Amazônia Legal e ministro da Fazenda, ambos no governo Itamar Franco. 

Ricupero soma sua atuação no campo econômico e das relações internacionais e uma longa carreira diplomática a um engajamento antigo com a agenda ambiental. Entre 1987 e 1991, por exemplo, quando era embaixador do Brasil em Genebra, colaborou com os preparativos para a Rio 92, a histórica conferência que consolidou uma agenda global para o meio ambiente. 

“Não sou filiado a partidos, mas me considero inteiramente comprometido com a causa ambiental, que para mim é a mais importante de todas. Estou convencido há muitíssimos anos que o problema do aquecimento global é O problema central que os seres humanos enfrentam e que, sem uma solução adequada, nenhum outro problema poderá ter o encaminhamento adequado. É a primeira de todas as prioridades”, ele afirma. 

Aos 83 anos, Ricupero continua ativo na luta pelas florestas e pelo clima. Junto com outros ex-ministros de Meio Ambiente e da Fazenda, tem publicado tanto manifestos condenando o desmonte ambiental em curso, que continua mesmo em meio à crise provocada pelo coronavírus, quanto propostas para um mundo pós-pandemia, baseadas nos princípios de uma economia verde. 

Em entrevista especial ao Greenpeace Brasil, que será publicada em três episódios, Ricupero teceu críticas à política ambiental do governo Bolsonaro, falou sobre os possíveis impactos à economia brasileira caso a curva de desmatamento na Amazônia continue subindo de modo alarmante e lembrou que, sem democracia, não há como lutar pelo meio ambiente e pelos direitos humanos. 

Nesta primeira parte da conversa, o ex-ministro qualifica como “política deliberada e maligna” o modus operandi do governo federal, aponta que o “ambientalismo de resultados” defendido por Ricardo Salles resultou apenas em ainda mais desmatamento e alerta que não podemos ter ilusões com o vice-presidente Mourão e sua estratégia de combate à destruição da Amazônia (“não se trata de um ambientalista”). 

A entrevista com Rubens Ricupero foi realizada por Zoom, no fim de junho. Sente-se em um lugar confortável, pegue um café e aproveite:

Assista à segunda parte da entrevista com Rubens Ricupero aqui, que trata das ameaças de retirada de investimentos e os prejuízos econômicos que o Brasil pode sofrer devido à política ambiental atual.

Assista à terceira parte aqui, em que o ex-ministro defende uma reconstrução econômica de baixo carbono para responder à crise intensificada pela Covid-19 no Brasil. Mas ele alerta que isso só será possível com democracia e pressão da sociedade civil.

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